Brasília

Parlamentares pernambucanos avaliam espaço na Câmara para debate de impeachment de Bolsonaro

Nesta quarta-feira (27), partidos de oposição apresentaram um novo pedido de afastamento do presidente, desta vez baseados na sua atuação no enfrentamento à pandemia de covid-19 no País

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Renata Monteiro

Publicado em 27/01/2021 às 18:45
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Parlamentares e lideranças políticas pernambucanas repercutiram o mais novo pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), elaborado por cinco partidos de esquerda da Câmara dos Deputados, além da Rede, e apresentado nesta quarta-feira (27) à Casa. As legendas haviam anunciado na última semana que protocolariam o pedido, argumentando que o militar da reserva cometeu uma série de crimes de responsabilidade ao enfrentar a pandemia do coronavírus no País.

Na visão do deputado federal Tadeu Alencar (PSB), não restam dúvidas de que as atitudes do presidente dão margem para a abertura de um processo de impedimento, mas a população ainda precisa, segundo ele, ter consciência da "inevitabilidade" do afastamento. "O comportamento reiterado do presidente da República de negligenciar o enfrentamento da pandemia é o que levou à apresentação desse novo pedido. Há razão jurídica suficiente, faltando ainda a consciência plena, pela sociedade, da sua inevitabilidade", declarou.

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Ainda segundo o parlamentar, apesar de o impeachment em geral causar traumas e fortes consequências para um País, manter Bolsonaro no poder pode vir a ser ainda pior para os brasileiros. "Esse pedido procura impor limites que o presidente tem sequenciadamente transgredido. Daí a sua importância. Mal muito maior ao País faz que ele continue na sua escalada autoritária e irresponsável, como se não houvesse freios institucionais que o impeçam, como o impeachment", cravou Tadeu.

Até a tarde de hoje, a Câmara dos Deputados registrava oficialmente 62 pedidos de impeachment contra o presidente Bolsonaro, não contabilizando o apresentado pela oposição nem um outro, divulgado na última terça-feira (26) por líderes religiosos. Atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM) já afirmou em algumas oportunidades não ter a intenção de dar andamento a nenhuma das solicitações, por acreditar que a prioridade do País deve ser a vacinação contra o coronavírus.

Deputado federal pelo PT, Carlos Veras disse acreditar que o elevado número de pedidos de impedimento contra Bolsonaro só mostra o quanto ele é rejeitado e, por isso, um processo contra ele deveria ser aberto. "A quantidade de pedidos de impeachments parados mostra o tanto de crimes que o presidente cometeu e a necessidade de instauração do processo. E isso não é um movimento apenas da esquerda. Eu não tenho dúvidas de que, hoje, o movimento pelo impeachment de Bolsonaro é de todos os setores da sociedade brasileira. Eu acredito que após o retorno do recesso da Câmara Federal nós vamos poder pressionar a nova mesa diretora para que o processo possa ser instalado. O Parlamento tem que debater, a sociedade tem que debater, o processo precisa ser instalado", disparou o petista.

Na última terça, após a passagem do deputado federal Baleia Rossi (MDB), candidato à presidência da Câmara, pelo Palácio do Campo das Princesas, a vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, defendeu a postulação do emedebista e disse que, caso ele seja eleito, os partidos engajados com o impeachment terão apenas que lutar politicamente para que o processo seja aceito, uma vez que a Casa não terá amarras com o Planalto. "O pressuposto de autonomia é um pressuposto básico para se votar o impeachment. Ele (Bolsonaro) já cometeu crime de responsabilidade e tudo que se quiser enquadrar. Impeachment é luta política, fato eminentemente político. A Casa autônoma vai possibilitar que essa luta política se desenvolva", observou, na ocasião.

Correligionário de Luciana, o deputado federal Renildo Calheiros tem pensamento semelhante ao dela. Questionado se o grupo de partidos que entregou hoje essa nova solicitação de deposição tem alguma estratégia para pressionar o presidente da Câmara, o parlamentar afirmou que as próprias ações do chefe do Executivo farão esse trabalho. "Nosso pedido de impeachment se baseia na forma como o presidente tem se comportado, coisa que ele não faz nenhuma questão de esconder, poque faz lives, publicações em suas redes sociais, isso é de domínio público. E processos como esse são assim, começam com algumas pessoas, depois os fatos vão indignando outras que não aceitam mais a situação. Ex-presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro costumava dizer que 'quando o povo quer uma coisa, o Congresso acaba querendo também'. Agora temos que fazer nossa luta política e o debate com a sociedade para que as pessoas analisem a situação e se posicionem", argumentou.

Para Daniel Coelho (Cidadania), é "muito pouco provável" que, hoje, um processo de impedimento contra o presidente seja aceito. Ele diz, contudo, o quadro pode mudar no futuro. “Tudo conta, o presidente da Câmara, opinião popular, apoio parlamentar e conteúdo dos pedidos. Acho que de todos os fatores, a opinião popular é o que mais pesa. Com cerca de mais da metade da população contra, como afirma o último Datafolha, parece pouco provável que algum pedido prospere. O impeachment, no momento é pauta dos políticos e da imprensa. Não é a pauta do povo. A pauta do povo é vacina e covid-19. Pauta essa, que gera grande desgaste para o governo”, detalhou.

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