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Mourão demite assessor que teria enviado mensagem sugerindo impeachment

A demissão foi decidida após o site O Antagonista mostrar mensagens trocadas entre o servidor e o chefe de gabinete de um deputado. A troca "chocou" a equipe de Mourão

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Estadão Conteúdo

Publicado em 29/01/2021 às 9:42 | Atualizado em 29/01/2021 às 10:56
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O vice-presidente Hamilton Mourão demitiu ainda nesta quinta-feira, 28, o chefe de sua assessoria parlamentar, Ricardo Roesch Morato Filho. A exoneração do auxiliar está publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira. O funcionário está de férias e, segundo o Estadão apurou, não retornará às funções no Palácio do Planalto.
A demissão foi decidida após o site O Antagonista mostrar mensagens trocadas entre o servidor e o chefe de gabinete de um deputado. A conversa teria relação com articulações no Congresso para um futuro impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Nesta sexta-feira (29), o vice afirmou que asituação foi "lamentável" e que gerou "um ruído desnecessário". "Foi uma situação lamentável. Em primeiro lugar, porque não concordo com o processo de impeachment, não apoio isso aí, como já falei várias vezes. Segundo lugar, não é a forma como eu trabalho", disse em conversa com jornalistas na chegada ao Palácio do Planalto.
A troca de mensagens "chocou" a equipe de Mourão. Aos colegas, Ricardo Filho disse ser vítima de uma "armação". Na conversa publicada pelo site, um contato com o nome de Ricardo Roesch envia mensagens a um interlocutor identificado como chefe de gabinete de um parlamentar.
 
O servidor da Vice-Presidência convida o destinatário a "tomar um café mais reservadamente" e sugere: "eu tenho conversado com os assessores de deputados mais próximos é bom sempre estarmos preparados". O chefe de gabinete pergunta por qual motivo a preparação seria necessária. Primeiro, a pessoa identificada como Ricardo Filho alega que não seria "nada demais, articulação normal mesmo". Em seguida, introduz um assunto e sugere a perda de força do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência. "Sabe que Mourão dividiu a ala militar", escreveu. "Antes Heleno dominava agora estão divididos - Capitão está errando muito na pandemia - Gal. Mourão é mais preparado e político você sabe disso".
 
Antes de confirmar a demissão do servidor, o gabinete de Mourão emitiu uma nota por meio da qual repudiava a "inverdade de toda a narrativa" e dizia que ninguém de sua equipe teve, tem ou terá comportamento como aquele revelado pelo site O Antagonista. A nota apresentou, ainda, uma declaração atribuída ao vice, que é militar da reserva: "Na profissão que exerci por 46 anos a lealdade é uma virtude que não se negocia".
 
Ao jornal O Globo, Mourão contou que o funcionário negou ter disparado as mensagens e alegou que seu celular foi hackeado. O vice, porém, não acreditou na versão. "Agiu sem meu consentimento e contra minhas determinações. Será exonerado", disse o vice-presidente nesta quinta.
 
Na terça-feira (26), em entrevista à CNN Brasil, Mourão reclamou da falta de diálogo com o presidente Jair Bolsonaro. "Não há conversas seguidas entre nós. As conversas são bem esporádicas", disse o vice. "Faz falta até para eu entender em determinados momentos o que eu preciso fazer".
 
Em entrevista ao Estadão no último dia 15, Mourão rechaçou a tese de impeachment. "Deixa o cara governar, pô!", afirmou ele. "Não vejo hoje que haja condição de prosperar qualquer pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro".

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