'Nos encontramos em 2022', diz Bolsonaro, após gritos de 'genocida' e 'fascista'
Bolsonaro trocou provocações com a oposição durante a abertura do ano legislativo
A sessão de abertura do ano legislativo no Congresso Nacional começou com provocações entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e a oposição. Parlamentares contrários ao governo soltaram gritos de "genocida" e "fascista" quando o chefe do Planalto foi chamado para fazer um discurso na cerimônia.
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Após os gritos, parlamentares da base chegaram a gritar "mito" para o presidente. Bolsonaro, por sua vez, fez uma provocação: "Nos encontramos em 2022", em referência ao período das próximas eleições presidenciais.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), eleito no cargo com apoio do Planalto, tentou acalmar os ânimos do plenário e pediu respeito. "Não é simplesmente tolerar as divergências, é ter amor às divergências", afirmou Pacheco, fazendo um apelo por pacificação no novo ano legislativo.
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Ao lado dele, estava o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também apoiado por Bolsonaro. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e o procurador-geral da Justiça, Augusto Aras, são participantes da cerimônia.
Bolsonaro chegou ao Congresso de carro e, de máscara, foi recebido pelos presidentes das duas Casas na entrada do prédio.
Plano nacional de vacinação
Em mensagem ao Congresso Nacional, Bolsonaro afirmou que o governo está preparado para executar o plano de vacinação contra covid-19. "O governo federal se encontra preparado e estruturado em termos financeiros, organizacionais e logísticos para executar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19. Com isso, seguimos envidando todos os esforços para o retorno à normalidade na vida dos brasileiros", afirmou Bolsonaro, lendo a mensagem.
Após o atraso na distribuição de doses no Brasil, Bolsonaro fez um pacto com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para priorizar o acesso da vacina a todos os brasileiros. Para isso, o governo abriu um crédito extraordinário de R$ 20 bilhões para compra de doses, citado pelo chefe do Executivo no discurso.
Agronegócio
Em aceno à bancada ruralista, o presidente parabenizou parlamentares ligados ao setor do agronegócio e disse que o setor é a "locomotiva da economia". Durante seu discurso na abertura do ano legislativo no Congresso, ele disse que o governo trata o homem do campo com responsabilidade. "O agronegócio continua sendo a locomotiva da economia", afirmou Bolsonaro, que foi pessoalmente à cerimônia que marca o início dos trabalhos do Congresso.
O afago à bancada ruralista não constava do discurso disponibilizado pelo Palácio do Planalto. Ela ocorre semanas após cobranças públicas de Bolsonaro para que os parlamentares ligados ao agronegócio apoiassem os candidatos do governo nas eleições para a presidência da Câmara e do Senado.
Em seu discurso, Bolsonaro reforçou as pautas prioritárias para a o governo em 2021. Como o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou, o Executivo espera avançar nas reformas tributária e a administrativa e nas propostas de equilíbrio das contas públicas. A agenda de privatizações e concessões também foi mencionada pelo presidente.
O chefe do Executivo ressaltou ainda a atuação do governo durante a pandemia, com o pagamento do auxílio emergencial e a concessão de crédito para empresas, entre outras medidas, sem aumento de impostos. Os esforços do governo para conter o desmatamento ilegal e crimes ambientais também foram citados.
Bolsonaro também deu destaque para as mudanças na política externa brasileira - comandada pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, excluído das negociações com a China para a liberação de insumos e vacinas contra a covid-19.