OPOSIÇÃO

Priscila Krause critica João Campos por manter a mesma equipe de Geraldo Julio na Secretaria de Saúde do Recife

Pasta foi alvo de operações da Polícia Federal para investigar supostas irregularidades em compras e contratações referentes ao enfrentamento da covid-19

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Mirella Araújo

Publicado em 05/02/2021 às 15:16 | Atualizado em 05/02/2021 às 20:49
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Atualizada às 20h48

A deputada estadual e ex-candidata a vice-prefeita do Recife, Priscila Krause (DEM), criticou a manutenção o mesmo quadro de servidores postos administrativos da Secretaria de Saúde do Recife (Sesau), da gestão  do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB). A parlamentar recorda que a pasta foi alvo, em 2020, de investigações da Polícia Federal e de órgãos de controle estaduais por indícios de irregularidades em compras e contratações referentes ao enfrentamento da pandemia da covid-19. 

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“O prefeito João Campos não mentiu quando disse que confiava na equipe: manteve todos da Secretaria de Saúde do Recife, exceto o rapaz que já estava afastado pela Justiça e tentava voltar toda semana. De fato, é uma gestão de continuidade: continua a mesma equipe que provocou sete operações da Polícia Federal”, declarou Priscila, em seu perfil no Twitter.

 

A fala da ex-candidata a vice, na chapa encabeçada pelo ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM), se refere a uma entrevista de João Campos (PSB), enquanto era candidato a prefeito, afirmando que confiava na equipe do seu antecessor e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio. "É um time que a gente confia, e já mostrou que faz. Que fez o Hospital da Mulher e hoje está inaugurando o Hospital do Idoso, que fez a Faixa Azul, o Compaz, a Escola do Futuro. É um time que sabe fazer, mas numa caminhada alguém pode errar, e se errar é importante que possa reconhecer o erro. Respeito os órgãos de controle, defendo que exista transparência", havia declarado o socialista durante a sabatina.  

De acordo com a parlamentar, sete cargos de chefia vinculados ao setor administrativo da Sesau foram ocupados pelos mesmos servidores – quase todos comissionados - da gestão anterior: a Gerência de Compras e Serviços; a Gerência de Apoio Jurídico, Administrativo e Finanças; a Gerência de Conservação da Rede; a Direção Executiva de Administração e Finanças; a Gestão da Unidade Farmacêutica ; a Gerência de Administração e, por fim, a Gerência de Regulação. As nomeações tornaram-se públicas no Diário Oficial do Recife na última semana de janeiro.

“A impunidade não pode sair vencedora e infelizmente o prefeito João Campos insiste no mesmo caminho de Geraldo Julio: fingir que nada aconteceu. Nosso papel é insistir que o cidadão não será vítima duas vezes: da pandemia e da corrupção”, declarou.

Priscila Krause também fez críticas ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), apontando a necessidade da gestão ser mais ousada e criativa para enfrentar as consequências da crise econômica e sanitária agravada em 2020 com a pandemia. "É um ano muito desafiador, vai precisar de ousadia, criatividade e competência. E o que a gente tem em PE é um governador acanhado, não é ousado e usa os caminhos tradicionais: aumento de impostos, inchaço da máquina... Então infelizmente vislumbro um ano difícil", publicou no Twitter.

Mais cedo, a parlamentar defendeu a unidade da Oposição para as eleições de 2022 no Estado. Ao citar  nomes de alguns prefeitos que estão sendo cotados como possíveis candidatos ao pleito estadual, como Anderson Ferreira (PL), de Jaboatão dos Guararapes, Miguel Coelho (MDB), de Petrolina, e a prefeita Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru, a parlamentar afirmou que o assunto será discutido no tempo certo. 

“Agora é preciso discutir o Pernambuco de hoje, o desemprego, a falta de gestão na saúde, de investimento na infraestrutura, os problemas hídricos, entre outros. Não vamos abreviar o Governo Paulo Câmara”, complementou Priscila, em entrevista a Rádio Folha. 

PSB rebate 

Por meio de nota, a deputada estadual e líder do PSB na Alepe, Laura Gomes, se manifestou a respeito das declarações de Priscila Krause. A parlamentar afirmou que "o momento exige mais empatia, humanidade, espírito público e seriedade dos representantes do povo".

Leia a íntegra:

A deputada estadual Priscila Krause utilizou os canais de comunicação questionando a honra e o caráter de servidores públicos que vêm se doando para salvar milhares de recifenses acometidos pela covid-19. Para esclarecer e melhor orientar a parlamentar e a sociedade, venho aqui para informar que nos últimos 11 meses, estes servidores vêm trabalhando arduamente, arriscando suas vidas e de seus entes próximos no combate a maior pandemia dos últimos 100 anos. Não podemos permitir que comentários que visam atingir a gestão municipal com acusações infundadas, venham ferir a honra de gestores, pessoas com condutas ilibadas e com carreiras reconhecidas no serviço público.

Os questionamentos da deputada se estendem, inclusive, a profissionais que sequer são investigados pela Justiça. Desde o início da pandemia, o município do Recife não se manteve inerte um dia sequer. Construiu em tempo recorde sete hospitais de campanha em apenas 45 dias, algo inédito no Brasil. Estruturou mais de mil leitos, entre UTI e enfermaria, para atender e proteger nossa população, tornando a capital pernambucana a cidade que, proporcionalmente, mais criou leitos para atendimento da Covid no Brasil, e a segunda em números absolutos, atrás apenas da cidade de São Paulo, de acordo com o Conselho Federal de Medicina.

Além disso, foram reforçadas as equipes de profissionais da Saúde com a contratação de mais de 4 mil trabalhadores, entre outras ações relevantes. Todo esse esforço em prol do povo recifense resultou até o momento em mais de 33 mil atendimentos, 8 mil internações e 4,5 mil vidas salvas, fruto de um sério trabalho realizado por equipes comprometidas. O momento exige mais empatia, humanidade, espírito público e seriedade dos representantes do povo, em busca de atravessarmos, juntos, esse momento que ainda assola nosso país.

Laura Gomes
Líder do PSB na Assembleia Legislativa de Pernambuco

OPERAÇÕES

A Polícia Federal atuou na Operação Desumano, iniciada em setembro do ano passado, que apurou supostas irregularidades na contratação de uma Organização Social de Saúde (OSS) para gerenciamento de serviços de saúde pelas Prefeituras do Recife e de Jaboatão dos Guararapes. Na ocasião, a PF apontou que os levantamentos iniciais identificaram fatores de risco quanto à execução dos valores em que a empresa investigada foi favorecida, em decorrência de dois processos de dispensa de licitação. Juntos, eles somavam quase R$ 58 milhões. 

As investigações e no dia 19 de janeiro,  a Justiça Federal determinou à Prefeitura do Recife e à organização social de saúde (OSS) Instituto Humanize que a documentação referente ao pagamento dos médicos subcontratados pelo instituto seja submetida à fiscalização do Tribunal de Contas do Estado de PE (TCE). "Com a colaboração do Tribunal, busca-se garantir a análise da legalidade e da legitimidade dos procedimentos adotados, especialmente verificar se os serviços foram efetivamente prestados pelos profissionais de saúde, se de fato faziam parte do objeto do contrato e se houve compatibilidade dos valores pagos com os praticados no mercado", informou o MPF.

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