ANÁLISE

Palácio do Planalto não deve interferir na prisão de Daniel Silveira

Preso por promover discurso de ódio contra todos os integrantes do Supremo Tribunal Federal, o deputado federal Daniel Silveira tem uma grande proximidade com o presidente Jair Bolsonaro

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Mirella Araújo

Publicado em 17/02/2021 às 19:02 | Atualizado em 17/02/2021 às 19:02
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Parlamentares ligados à ala bolsonarista na Câmara dos Deputados, se manifestaram nas redes sociais, ao longo desta quarta-feira (17), cobrando medidas enérgicas do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) contra a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ). Já os auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), defendem que o Palácio do Planalto não se envolva neste caso, mesmo que Silveira tenha um bom trânsito com o Executivo.

De acordo com as informações do jornal O Globo, integrantes do governo acreditam que uma intervenção, neste momento, provocaria uma novo tensionamento com relação à Corte. Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Arthur Leandro, a tendência é que Daniel Silveira enfrente esse processo "sozinho''.

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“O presidente da Câmara, Arthur Lira, não deve querer comprar briga com o STF por um deputado que não possui relevância. Ele não lidera nenhuma ala e o grande feito foi ter quebrado uma placa com o nome da Rua Marielle Franco, então ele fala com uma parcela específica do bolsonarismo no país”, afirma o docente.

Ainda segundo o especialista, o fato de o Planalto não ter se posicionado sobre o caso, sinaliza justamente essa cautela diante da relação com a Suprema Corte. No entanto, Jair Bolsonaro deverá estar atento à votação no Plenário pela confirmação ou negação da prisão preventiva de Daniel Silveira. “Com a votação aberta, o presidente da República veria quem são os mais fiéis e os menos fiéis à sua orientação política. Então, se esse tipo de negociação implicou na eleição de Lira, isso teria algum rebatimento a uma fidelidade posterior”, declara Arthur Leandro.

A votação nominal também auxilia na tentativa da Câmara em evitar "precedentes" que possam deixar os parlamentares vulneráveis. Com isso, é provável que eles optem pelo relaxamento da prisão. “Outra possibilidade é o Centrão querer dizer a população e para o Planalto, que votam com independência e autonomia, deixando claro que não querem conflito com o STF. Tudo vai depender muito como os atores políticos vão agir. Mas, a tendência é que o deputado Silveira enfrente essa situação sozinho”, conclui.

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