'A renda básica tem que ser um instrumento de combate à desigualdade', diz Marcelo Freixo a vereadores do Recife
O deputado federal participou uma reunião com vereadores do Recife nesta sexta (23). Edmilson Rodrigues, prefeito de Belém (PA), também esteve no encontro para falar da sua experiência com o benefício
O deputado federal Marcelo Freixo (Psol/RJ) e o prefeito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues (Psol), participaram, na tarde desta sexta-feira (23), do segundo encontro do "Mês pela Renda Básica" na Câmara Municipal do Recife, realizado de maneira remota e transmitido pelo canal da Casa no Youtube. Na ocasião, os convidados debateram com os vereadores da Frente Parlamentar Pela Renda Básica ações concretas para auxiliar pessoas que vivem, hoje, abaixo da linha da pobreza na capital pernambucana.
"Eu nunca imaginei na minha vida que, em 2021, a gente pudesse estar aqui debatendo a fome no Brasil novamente. A gente tem 9% dos mais de 200 milhões de brasileiros em situação de miséria. São 9% de famintos no Brasil. E mais de 120 milhões de pessoas com o que a gente chama de insuficiência alimentar, que nada mais é do que gente sentindo fome. Uma situação social das mais graves", afirmou Freixo, que é membro da Frente Mista Pela Renda Básica do Congresso.
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No seu pronunciamento, o parlamentar do Rio de Janeiro frisou que as medidas para o combate à fome devem ser urgentes, sobretudo em um cenário de pandemia, mas que a ação não pode parar aí, ela tem que ser uma política pública, que inclusive se relacione com outras áreas, como saúde e educação. "A renda básica tem que ser encaixada em um cenário humanitário, de pressa, mas mais do que isso, toda política de renda básica tem que ser um instrumento de combate à desigualdade. Nós temos que dar capacidade de compra e de cidadania a essas pessoas que vão receber o benefício", observou Freixo.
Responsável por implementar logo no início do seu mandato o Bora Belém, espécie de projeto de renda básica, Edmilson Rodrigues compartilhou com os parlamentares a sua experiência à frente da iniciativa. "Quando eu concorri à prefeitura recentemente, eu retomei a ideia de um projeto que desenvolvi quando fui prefeito, em 1997. Em outra conjuntura financeira, a iniciativa me permitiu pagar um salário mínimo de Bolsa Escola, inspirado na experiência que o Cristóvão Buarque havia desenvolvido no Distrito Federal. A conjuntura hoje é de muito mais pobreza e de uma crise financeira muito grave. As finanças municipais que eu herdei, agora não nos permitiram estabelecer um programa como aquele", explicou Rodrigues.
E completou: "Agora, nós criamos o programa Bora Belém, que pegou como base o cadastro único da cidade, e vimos que há em torno de 118 mil famílias em situação de muita pobreza. São 118 mil cadastros em uma cidade de 1,5 milhão de habitantes. Se nós considerarmos que cada uma dessas famílias têm pelo menos três pessoas, nós estamos falando de muitas milhares de pessoas na pobreza ou na extrema pobreza. É uma questão de humanidade pensar e realizar políticas públicas, com caráter de política de Estado, para combater a fome, porque realmente a fome não pode esperar", argumentou o prefeito.
Além dos convidados, participaram do encontro virtual parte significativa dos membros da frente parlamentar recifense, que é presidida pelo vice-líder do governo na Câmara, Rinaldo Junior (PSB), e conta ainda com os vereadores Eriberto Rafael (PP), Professora Ana Lúcia (REP), Dani Portela (Psol), Renato Antunes (PSC), Hélio Guabiraba (PSB), Cida Pedrosa e Liana Cirne (PT).