Entrevista

Prestes a deixar o comando da PF em Pernambuco, Carla Patrícia diz que 20 operações estão prontas para deflagração e nega interferência

Presidente do PTB chegou a afirmar que Carla ‘protegia o PSB’; ela disse que a PF trabalha dentro da lei e que não tem tempo para ouvir ''zum, zum, zum''

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Cássio Oliveira

Publicado em 19/05/2021 às 10:42 | Atualizado em 12/01/2023 às 11:53
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Prestes a deixar a superintendência da Polícia Federal em Pernambuco, a delegada Carla Patrícia Cintra, em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta quarta-feira (19), fez uma defesa de sua gestão e negou qualquer interferência em seu trabalho durante o período em que esteve à frente da PF no Estado.

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Carla Patrícia está no cargo desde dezembro de 2019 e na última semana foi comunicada sobre a mudança. A exoneração ainda não foi oficializada, mas, segundo ela, deve ocorrer até o final deste mês de maio.

Nos 22 anos como policial, não tive interferência, embora tenha meu gabinete aberto, atendo a todos, mas nunca passei desprazer de ter conversa menos republicana
Carla Patrícia Cintra

Na última semana, o Coronel Meira, presidente do PTB em Pernambuco, disse em nota que Carla Patrícia estaria protegendo o PSB, do governador Paulo Câmara e do prefeito João Campos, e que partiu dele pedido de substituição da delegada.

Na entrevista desta manhã, Carla negou qualquer direcionamento. "Em relação a minha exoneração, o que posso dizer é que as atividades continuarão, independentemente de quem seja o superintendente, as investigações vão continuar. Se há crença ou se divulga que a PF atua no sentido de prejudicar ou favorecer A, B ou C, isso só demonstra total desconhecimento de nossa força institucional", afirmou a delegada.

Primeira mulher a comandar a corporação no estado, a delegada Carla Patrícia tomou posse em 19 de dezembro de 2019, em solenidade no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Recife. Ela é bacharel em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e passou pela Corregedoria-Geral da Secretária de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE).

A delegada reforçou que mudanças são naturais. "Ainda não fui exonerada, soube que haver mudança, o que é normal. Ocorrem essas mudanças. O que posso dizer sobre esse tempo à frente da Superintendência é que tivemos excelente resultado operacional ano passado e esse também. Nos cinco meses do ano de 2021, tivemos 23 operações, praticamente toda semana atividade operacional. Mas a PF é pautada pela legalidade, atuamos dentro da lei. Existem critérios de atuação, a policia é uma das instituições mais fiscalizadas, tem Corregedoria atuante, há controle do Ministério Público e do Judiciário", afirmou.

Trabalhamos bastante, mas não atuamos pela vontade do gestor ou quem quer que seja. Atuamos pela Lei

Carla Patrícia

Sobre as críticas à sua gestão, a superintendente disse não ouvir "zum, zum, zum e apontou desconhecer outro motivo para a sua saída que não seja uma "troca natural de gestão". Ela ainda afirmou que deixa a Superintendência deixando 20 operações prontas para deflagração. "Até por desconhecimento de algumas pessoas, superintendente não interfere nas investigações, todos os delegados tem total autonomia para investigar e saímos deixando 20 operações em estágio de quase deflagração", afirmou.

Sergio Moro

A superintendência da Polícia Federal em Pernambuco (PE)já teria sido foco de reclamações do presidente Jair Bolsonaro, em março do ano passado, conforme declarou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro em depoimento, após deixar o governo federal.

Segundo reportagem do Valor Econômico, à época, Bolsonaro ficou insatisfeito com uma operação que teria envolvidoo deputado Sebastião Oliveira (PL).

O nome do parlamentar não foi confirmado pela PF, devido a lei de abuso de autoridade, mas fontes confirmaram ao JC que mandados de busca foram cumpridos contra ele.

Quando inaugurou uma nova fase na sua relação com o 'Centrão' no Congresso, Bolsonaro nomeou, por indicação de Oliveira e intermediação do deputado Arthur Lira (PP-PE), Fernando de Araújo Leão para a direção-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).

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Nos 22 anos como policial, não tive interferência, embora tenha meu gabinete aberto, atendo a todos, mas nunca passei desprazer de ter conversa menos republicana

Carla Patrícia Cintra
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Trabalhamos bastante, mas não atuamos pela vontade do gestor ou quem quer que seja. Atuamos pela Lei<br><br>

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