'O Brasil perdeu um dos artífices mais sábios no cenário complexo da redemocratização', diz presidente da ABL sobre Marco Maciel
O pernambucano faleceu durante a madrugada, em um hospital de Brasília, em decorrência de um quadro infeccioso respiratório
O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marco Lucchesi, lamentou neste sábado (12) a morte do ex-vice-presidente da República Marco Maciel, que também foi professor e ocupava a Cadeira nº 39 na instituição. O pernambucano faleceu durante a madrugada, em um hospital de Brasília, em decorrência de um quadro infeccioso respiratório. Ele deixa a esposa, Anna Maria, e três filhos.
"O Brasil perdeu um dos artífices mais sábios no cenário complexo da redemocratização. Homem discreto, delicado, como quase não há mais. Marco não firmou aliança com formas incertas e nebulosas. Seu compromisso foi o de manter-se fiel a um ideário, ao princípio de clareza e harmonia, como um grego, leitor de Aristóteles e Rousseau. Sua presença fez escola na vice-presidência da República. Jamais perdeu a consciência da liturgia do cargo. Falava pouco, agia muito, sem protagonismo vazio", declarou Lucchesi, por nota.
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Mais adiante, o presidente da ABL ressaltou o perfil conciliador de Maciel, afirmando que ele nunca levantou a "bandeira do ódio". "Marco Maciel jamais endossou a miopia da pequena política, nem tampouco a bandeira do ódio. Foi um homem de cultura na política, atento aos ventos da História e ao futuro de nosso país", observou.
Marco Maciel foi eleito na ABL em 18 de dezembro de 2003, na sucessão de Roberto Marinho e recebido em 3 de maio de 2004 pelo Acadêmico Marcos Vinicios Vilaça. Recifense, ele faria 81 anos em 21 de julho.
"É filho de José do Rego Maciel e de sua esposa Carmen Sylvia Cavalcanti de Oliveira Maciel. Foi Secretário da Fazenda, duas vezes Deputado Federal, Prefeito do Recife, Promotor e Consultor-Geral do Estado", diz trecho da biografia do pernambucano divulgada pela ABL.
Sucessão
Segundo informações da coluna do jornalista Ancelmo Gois no jornal O Globo, com a morte de Maciel, subiu para quatro o número de vagas abertas na ABL. Por conta da pandemia, as reuniões dos membros da entidade estão suspensas desde 2020.
Comenta-se, nos bastidores, que a vaga antes ocupada pelo pernambucano deve ser reservada para um romancista. Alguns nomes que estão sendo ventilados são os dos escritores Lya Luft, Alberto Mussa e Godofredo de Oliveira Neto.