7 de setembro

Bolsonaro promete uma 'nova história' a apoiadores em dia de protestos no Brasil

O presidente prometeu nesta terça-feira (7) "uma nova história" para o Brasil, diante de dezenas de milhares de apoiadores que responderam ao seu chamado para irem às ruas no Dia da Independência

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AFP

Publicado em 07/09/2021 às 15:25 | Atualizado em 07/09/2021 às 15:29
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O presidente Jair Bolsonaro prometeu nesta terça-feira (7) "uma nova história" para o Brasil, diante de dezenas de milhares de apoiadores que responderam ao seu chamado para irem às ruas no Dia da Independência.

Em declínio de popularidade e confrontos com o Judiciário, Bolsonaro discursou em Brasília pela manhã, antes de viajar à tarde para São Paulo.

"A partir de hoje uma nova história começa a ser escrita aqui no Brasil. Peço a Deus mais que sabedoria, força e coragem para bem decidir. Não são fáceis as decisões. Não escolham o lado do confronto. Sempre estarei ao lado do povo brasileiro", disse na Espanada dos Ministérios.

O presidente acusou especialmente os ministros do Supremo Tribunal Federal, que iniciaram investigações contra ele e sua comitiva, entre outros motivos, por divulgação de informações falsas.

"Não queremos brigar com poder nenhum. Mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade", afirmou.

Em Brasília, protegida por 5 mil policiais, a jornada começou com o ato oficial de hasteamento da bandeira no Palácio do Alvorada. Em seguida, Bolsonaro embarcou em um helicóptero para sobrevoar a concentração de seus partidários na Esplanada dos Ministérios.

"Nossa bandeira nunca será vermelha", diziam os manifestantes, em alusão à cor do Partido dos Trabalhadores (PT) dos ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016).

"Vim aqui lutar pela nossa liberdade, a libertação do Brasil dessa corja imunda de políticos corruptos do STF. Bolsonaro tem nosso apoio para tirar essa corja imunda do Supremo Tribunal Federal", declarou à AFP o agente de segurança Márcio Souza, de 45 anos, com uma camisa amarela com o rosto do presidente.

Dezenas de milhares de pessoas também se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, onde o presidente prometeu fazer um discurso "mais robusto" à tarde, e também na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Em São Paulo, também está prevista uma manifestação de oposição sob o lema "Fora Bolsonaro". Até o momento, os atos ocorriam sem grandes distúrbios.

Na segunda-feira à noite, centenas de manifestantes já estavam reunidos em Brasília. Depois de furar o bloqueio policial, muitos deles entraram com caminhões e outros veículos na Esplanada dos Ministérios.

"Acabamos de invadir! A polícia não conseguiu conter o povo! E amanhã vamos invadir o STF", gritava um dos manifestantes, em um vídeo divulgado nas redes sociais.

Apesar de afirmar que o objetivo das marchas é defender a liberdade, alguns dos apoiadores de Bolsonaro, que se organizaram através das redes sociais, usam palavras de ordem a favor de uma "intervenção militar" liderada por Bolsonaro.

O rumo das mobilizações é incerto e monopolizou o debate público no Brasil, com alertas para evitar algo semelhante à invasão do Capitólio dos Estados Unidos em janeiro por partidários do então presidente Donald Trump.

Bolsonaro afirmou nos últimos dias que esperava mobilizações massivas para enviar um ultimato aos magistrados da mais alta corte.

Seu índice de popularidade caiu para 24% em julho, seu nível mais baixo desde que assumiu o poder em 2019, especialmente devido a seu modo de enfrentar a pandemia que já deixou mais de 580 mil mortos e a uma crise econômica que atinge o bolso dos brasileiros.

Para Geraldo Monteiro, cientista político da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o presidente está apostando "tudo ou nada" depois de ter esticado a corda ao máximo com seus recorrentes ataques ao sistema eleitoral, ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso.

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