Clarissa Tércio diz que 'talvez tenha faltado a informação' de que vacinação só será exigida em cultos com mais de 300 pessoas
Sem citar diretamente nenhum deputado, deputada Roberta Arraes afirmou que, para evitar a disseminação de informações falsas, é necessário ler e interpretar o texto publicado no Diário Oficial
Em meio à polêmica gerada pelo mais novo decreto do governador Paulo Câmara (PSB), que exige, entre outras coisas, vacinação completa ou teste negativo de covid-19 para pessoas que frequentam missas ou cultos, a deputada estadual Clarissa Tércio (PSC) admitiu, nesta quarta-feira (29), que "talvez" tenha omitido a informação de que a norma só seria válida para encontros com mais de 300 pessoas ao falar sobre o tema. A declaração da parlamentar foi feita durante sessão da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), após a presidente do colegiado, Roberta Arraes (PP), pedir para os seus colegas divulgarem todos os detalhes sobre o decreto, principalmente que a mudança não abarca celebrações religiosas com até 300 fiéis.
"Eu fui provocada pela imprensa daqui do Sertão sobre a questão do decreto das igrejas. A gente precisa levar isso ao conhecimento das pessoas. O decreto que o governador publicou no Diário Oficial é para reuniões acima de 300 pessoas, é importante que as pessoas leiam e interpretem o texto. Aqui na região várias igrejas já se pronunciaram dizendo que são contra por conta disso", solicitou Roberta Arraes.
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Em vídeo publicado na última terça-feira (28) nas suas redes sociais, a deputada estadual Clarissa Tércio (PSC) afirmou que iria acionar os Ministérios Públicos Estadual e Federal, além da Corte Interamericana de Direitos Humanos contra o decreto de Paulo Câmara. Em nenhum momento ela informa que a norma só será válida para reuniões com mais de 300 pessoas.
"Nós não pedimos favor, queremos Justiça. Queremos o cumprimento daquilo que a lei já nos garante. E como porta-voz do povo cristão, senhor governador, eu lhe aconselho a revogar esse decreto imundo, arbitrário e imoral", declarou a parlamentar.
O deputado Alberto Feitosa (PSB), por sua vez, republicou no seu perfil no Instagram vídeos de vários pastores criticando a determinação do Governo do Estado, sempre seguidos de palavras de apoio. Em nenhum deles, contudo, é explicado que a exigência de vacinação ou teste de covid-19 não será feita em todas as situações.
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Na sessão de hoje da Comissão de Saúde, Clarissa Tércio chegou a admitir que não mencionou que a regra é válida apenas em casos específicos, mas não voltou atrás em seu posicionamento contra o decreto. "Eu gostaria de entender onde que o decreto foi transmitido de maneira errada. Tudo bem, talvez tenha faltado a informação de que seria acima de 300 pessoas, mas vai precisar de comprovante ou não para entrar na igreja? O Estado está legislando sobre a igreja por meio de decreto, proibindo as pessoas de entrarem sem o passaporte", argumentou.
Para isso, Roberta Arraes respondeu: "Quando vocês falam, não especificam que é acima de 300 pessoas, vocês falam que para entrar na igreja precisa de comprovante".
Até o dia 26 de setembro, os templos do Estado só podiam receber até 300 pessoas para missas e cultos. Nessa nova fase do plano de convivência com a covid-19, para receber um público maior do que este, será exigida a imunização completa dos frequentadores ou teste negativo. Caso a igreja siga recebendo até 300 fiéis, não será necessário solicitar o comprovante de vacinação.