"Não tive nenhuma conversa", diz Anderson Ferreira sobre filiação de Gilson Machado ao PL
Presidente do PL em Pernambuco disse não ter sido consultado sobre a possibilidade do ministro do Turismo se filiar ao PL
O presidente do PL em Pernambuco e prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), diz não ter sido consultado sobre a possibilidade de filiação do ministro do Turismo, Gilson Machado, para o partido, que oficializou a entrada do presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (30).
"Quem tem que falar é ele, eu não posso falar sobre especulação, não posso tratar desse assunto porque eu não estou ciente. Não tive nenhuma conversa", resumiu Anderson ao JC.
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Gilson Machado é um dos quatro ministros que podem se filiar ao PL na intenção de se candidatar para as eleições majoritárias nos estados. Segundo o Blog de Jamildo, ele pode inclusive integrar em Pernambuco uma chapa encabeçada pela deputada estadual Clarissa Tércio (PSC), não necessariamente no PL, sendo o PTB do Coronel Meira outro arranjo possível.
Rogério Marinho, ministro Desenvolvimento Regional, assinou a carta de filiação no mesmo dia de Bolsonaro. A lista de potenciais ministros filiados é formada pelo ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni (DEM), que pode concorrer ao governo do Rio Grande do Sul, Marcelo Queiroga, na Paraíba, e Tarcísio Gomes de Freitas, em São Paulo.
A questão de Tarcísio foi central nas divergências que causaram o cancelamento da primeira data de filiação. Bolsonaro quer indicar o ministro para disputar o Governo de São Paulo, o que vai de encontro à aliança que o PL tem no estado com o PSDB, o que culminaria no apoio à candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia a governador em 2022.
A ida de aliados bolsonaristas nos estados para o PL vem ganhando forma desde até mesmo antes da filiação de Bolsonaro à sigla. Após a saída do presidente do PSL ainda em 2019 houve uma debandada de parlamentares que se abrigaram em outros partidos alinhados à pauta conservadora, a exemplo do PSC.
O PSC de Pernambuco é presidido por André Ferreira, irmão de Anderson, que deve na janela partidária migrar também para o PL. "No caso dessas pessoas já estão nesse guarda chuva do grupo político que a gente tem, se eles já estavam em um partido ligado ao nosso grupo, do qual André é presidente, com certeza a migração será automática", afirmou Anderson Ferreira.
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Impactos para Pernambuco
Anderson vem afirmando que a entrada de Bolsonaro não vai prejudicar os arranjos locais e as alianças com o PSDB e o Cidadania dentro do Levanta Pernambuco, comandado por ele e pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB).
O prefeito foi até Brasília para o ato de filiação de Bolsonaro. ”Foi uma demonstração de força com representatividade de políticos, presidentes de outros partidos. O presidente pediu que fosse uma solenidade simples, mas se tornou pela representatividade política”, afirmou Anderson.
Recentemente, Anderson tinha ido duas vezes à Brasília. Uma delas para a reunião dos presidentes estaduais que deu autonomia para que Valdemar Costa Neto articulasse a entrada de Bolsonaro. A outra ocasião foi um encontro com o presidente nacional em que ele próprio saiu com a garantia de comando na formação de chapas majoritárias e proporcionais em Pernambuco.
A expectativa, segundo Anderson, é que o seu grupo eleja de quatro a cinco deputados federais e cerca de 10 deputados federais por Pernambuco. "A gente tem a possibilidade de montar boas chapas. Nosso grupo político sempre monta chapas, municipais e estaduais. Agora mais do que nunca a gente tem um atrativo maior, com o desempenho hoje do nosso grupo e também com essa nova regra de não permitir as coligações. A gente vai conseguir trazer bons quadros e fortalecer", disse.
Joel da Harpa
O deputado estadual Joel da Harpa (PP) confirmou que recebeu o convite para se filiar ao PL e disse estar avaliando o cenário político para tomar uma decisão. O prazo é abril de 2022, período da janela partidária.
Ao JC, Joel da Harpa ressaltou a simpatia pela pré-candidatura de Anderson Ferreira e o alinhamento com o PL no que diz respeito às pautas bolsonaristas. "Anderson já vinha me convidando e agora com a vinda de Bolsonaro para PL se fortalece esse convite da possibilidade de eu ir para o partido", disse o deputado.
Joel, porém, fez questão de ressaltar o bom trânsito dentro do seu partido desde 2018, o PP, e de que não encontra dificuldades para adotar uma posição de independência na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde a sigla compõe a bancada de governo. O potencial de formação de uma chapa robusta do PP para deputado estadual também é levado em consideração por ele.
"Eduardo da Fonte (presidente do PP-PE) sempre respeitou o meu posicionamento. Mas a gente está conversando, eu não tomei ainda uma definição se de fato vou para o PL", alertou Joel.
Na avaliação de Joel, a ida de Gilson Machado não iria interferir no comando do PL ou nas alianças já firmadas com o PSDB e Cidadania. "Anderson hoje é prefeito da segunda maior cidade do estado, o grupo está se encontrando através dele. Independente de Gilson estar chegando agora, eu penso que ele vai ter respeito a essa construção que o PL já vinha fazendo, que não é conta Bolsonaro, pelo contrário" projeta.