Eleições 2022

Após derrota para o TCU, futuro de Fernando Bezerra Coelho pode movimentar o xadrez eleitoral de Pernambuco

Líder de um dos principais clãs políticos do Estado, as decisões que FBC tomar a partir desses episódios têm potencial para interferir significativamente no destino de alguns dos principais atores das eleições estaduais de 2022

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Renata Monteiro

Publicado em 18/12/2021 às 7:00 | Atualizado em 18/12/2021 às 8:38
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A derrota do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) na disputa por uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) e sua posterior saída do cargo de líder do governo Bolsonaro na Casa Alta estão longe de ser um capítulo encerrado na história do parlamentar. Líder de um dos principais clãs políticos de Pernambuco, as decisões que FBC tomar a partir desses episódios têm potencial para interferir significativamente no destino de alguns dos principais atores das eleições estaduais de 2022.

Na condição de investigado em mais de um processo judicial, Fernando Bezerra, que conclui o mandato no Senado no próximo ano, manteria o foro privilegiado caso conquistasse a vaga no TCU, mas o cargo acabou indo parar nas mãos do senador Antônio Anastasia (PSD). Agora, o emedebista terá que decidir entre a aposentadoria ou a participação em mais um pleito.

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A questão é que a eleição dos seus filhos, quase todos na vida pública, pode prejudicar possíveis planos de candidatura do senador. FBC dificilmente comporia uma chapa com Miguel Coelho (DEM), prefeito de Petrolina e pré-candidato a governador, pois o grupo precisa abrir espaços para a construção de alianças para a disputa. Outra possibilidade seria o parlamentar concorrer a deputado federal ao lado de Fernando Filho (DEM), que já afirmou que tentará se reeleger.

Na avaliação do cientista político Elton Gomes, da Faculdade Damas, diante do perfil de FBC e da sua atual situação jurídica, dificilmente o senador abrirá mão de concorrer. “Fernando Bezerra Coelho é um dos stakeholders da República, é um dos grandes atores políticos brasileiros, versado no sistema de barganhas e trocas do presidencialismo de coalizão. Ele pode ser classificado como um cacique político, que são aquelas pessoas que possuem um subsistema de poder regional sob o seu comando. Pela relevância política que ele tem, seria incomum vê-lo fora da disputa político-eleitoral de 2022”, pontuou o pesquisador.

O cientista político Arthur Leandro avalia o quadro de maneira semelhante. O analista acrescenta, ainda, que a cartada mais segura que o senador poderia dar seria tentar uma vaga na Câmara Federal. “O cenário que eu acho mais possível é ele fazer um downgrade e se candidatar a deputado federal, pois isso asseguraria a sua permanência no jogo político e permitiria que a vaga para o senado na chapa de Miguel fizesse parte da negociação dos apoios à postulação do filho. Não que ele não possa seguir por outros caminhos e até mesmo não concorrer, mas acho essa a opção menos provável, devido à necessidade que ele tem de manter a sua prerrogativa de foro junto ao Supremo Tribunal Federal”, disse.

A respeito do afastamento de FBC do governo federal, Leandro observa que ainda é cedo para analisar se isso seria benéfico ou maléfico para o grupo do senador sertanejo. “O que nós sabemos até agora é que a eleição de 2022 será muito polarizada e o terceiro nome para quebrar essa polarização ainda não apareceu. É possível que após o atrito entre Fernando Bezerra e Bolsonaro o pernambucano busque amparo em uma força política alternativa, que seria o ex-juiz Sergio Moro (Podemos)”, pontuou o docente, declarando ser prematuro avaliar essa possível aproximação.

Para Elton Gomes, a resposta para essa questão dependerá da estratégia a ser adotada pelo clã em 2022. “O Nordeste tem a seguinte conformação: as capitais e os centros metropolitanos tendem a ter uma orientação mais ao centro da esquerda ou mais à esquerda. Mais para o interior desses estados, você encontra uma predominância do bolsonarismo. Só que demograficamente falando, do ponto de vista eleitoral, o que conta para essas localidades é a parte metropolitana. Porém, para uma eleição proporcional, se todos os Coelho resolvessem concorrer a cargos no Legislativo, continuar apoiando Bolsonaro pode ser até benéfico, porque eles criariam um nicho e esse nicho os autorizaria a se eleger para as Casas Legislativas. Para fazer uma campanha majoritária, no entanto, ser taxado como ‘candidato do presidente’ não pega bem na região”, afirmou.

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