Eleições 2022

Centro-direita pernambucana minimiza consequências locais de possível aliança Lula e Alckmin: 'não muda o cenário'

Ex-presidente e ex-governador paulista ensaiam aproximação que pode culminar em chapa nas próximas eleições

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Renata Monteiro

Publicado em 20/12/2021 às 19:19 | Atualizado em 20/12/2021 às 22:11
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A relação cada vez mais próxima entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido), que ensaiam uma aliança visando as eleições de 2022, parece não chamar muito a atenção do grupo de centro-direita que faz oposição ao governo socialista em Pernambuco. Na visão de lideranças desse bloco político, mesmo que o agora ex-tucano saia candidato a vice na chapa do petista, como se tem especulado nas últimas semanas, os impactos desse arranjo teriam pouca ou nenhuma reverberação local.

Para o deputado federal Daniel Coelho, presidente do diretório estadual do Cidadania, por exemplo, por ser uma figura pouco popular entre os pernambucanos, Geraldo Alckmin não teria musculatura para impulsionar a votação de um eventual candidato apoiado por Lula na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas. “Não vejo consequência local. Em Pernambuco, Alckmin perdeu de Cabo Daciolo em 2018. Teve 1% dos votos no Estado. Aqui, não vejo peso algum no movimento. Talvez em São Paulo altere algo”, observou.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas últimas eleições presidenciais Alckmin recebeu 77.987 votos (1,65%) em Pernambuco, alcançando a quinta posição no primeiro turno da disputa. Acima dele aparecem Fernando Haddad (PT) em primeiro lugar, Jair Bolsonaro (PL) em segundo, Ciro Gomes (PDT) em terceiro e em quarto lugar Cabo Daciolo (Brasil 35), que obteve 93.330 votos (1,98%). Na última semana, Daciolo anunciou que abriu mão da pré-candidatura à presidência em 2022 e declarou apoio a Ciro Gomes.

O ex-senador Armando Monteiro (PSDB) aponta que, vista sob “lentes convencionais”, a aproximação entre Lula e Alckmin pode estranhar inicialmente aqueles que se propõem a analisá-la, mas ressalta que na política esse tipo de movimento não costuma ser tão incomum assim. “Na primeira vez que o governador disputou a eleição contra o PT, em 2006, o debate foi muito duro, já havia o problema do mensalão e ele fez críticas muito contundentes ao partido. Mas a política tem esses caprichos, de repente as circunstâncias mudam. Ele saiu do PSDB, claramente ele tem um problema com o governador João Doria, eles passaram a ser desafetos, e aí ele começou a dialogar com outros partidos e pode se filiar até ao PSB. É um movimento que deve ser visto com uma lente não convencional ”, detalhou.

Além do PSB, partidos como o Solidariedade e o PSD já demonstraram interesse em receber o ex-tucano, mas a decisão de Alckmin sobre a sua nova casa partidária só será divulgada no próximo ano. Pesam na decisão do ex-gestor questões ligadas às eleições estaduais de São Paulo e a própria possibilidade de participar da chapa do ex-presidente Lula.

Como até o momento todos os partidos aos quais Alckmin cogita filiar-se já estão na Frente Popular de Pernambuco, Armando acredita que a consolidação da aliança do ex-governador com Lula não deve ter impacto nas costuras de estratégias no Estado. “Para nós isso não muda o cenário, pois ele vai ingressar em uma legenda que aqui, no plano estadual, já está vinculada ao campo adversário. E nós, da oposição, continuamos juntando forças, sobretudo com os partidos que já estão nesse campo em Pernambuco, o que não é o caso dos partidos que estão sendo cogitados para acolher o Alckmin”, afirmou o tucano.

Questionado se acredita que uma chapa de Lula com Alckmin pode prejudicar a consolidação de um candidato de terceira via, Daniel Coelho disse que, até a votação, um candidato fora da polarização entre o petista e Bolsonaro encontrará ambiente para crescer. “A terceira via terá seu espaço. Alguém irá se consolidar para disputar uma vaga no segundo turno”, cravou.

“Eu tenho a impressão de que a presença do Alckmin servirá menos como uma alavanca eleitoral em São Paulo e mais como demonstração de amplitude, de abertura, que você pode ter em uma chapa pessoas de perfis diferentes, com origens partidárias diferentes, uma chapa para quebrar um pouco a ideia de que o Lula é uma figura de esquerda e que só compõe dentro desse campo. É algo como o que ele fez quando se aliou com o José Alencar”, completou Armando Monteiro.

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