Machismo

Como a prefeita de Palmas, Raquel Lyra conta que precisou reservar espaço para os filhos na Prefeitura de Caruaru

Pré-candidata ao Governo de Pernambuco, Raquel é ex-prefeita da cidade do Agreste pernambucano. A tucana deu a declaração ao falar sobre machismo na política, em entrevista ao canal MyNews

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Renata Monteiro

Publicado em 12/04/2022 às 12:13 | Atualizado em 12/04/2022 às 12:44
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Ex-prefeita de Caruaru e pré-candidata a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) afirmou, na noite da última segunda-feira (11), que assim como a gestora da cidade de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), também reservou um espaço na sede do Executivo caruaruense quando assumiu a chefia do município, para que os seus filhos, então com 5 e 7 anos, pudessem passar mais tempo com ela. Nos últimos dias, a história da tucana tocantinense viralizou, sobretudo devido ao motivo que levou a política a tomar a decisão de trabalhar com o filho: Palmas não prevê licença-maternidade para quem vence a eleição de prefeito.

Raquel falou sobre o tema durante o programa Segunda Chamada, do canal MyNews, no Youtube. De acordo com a ex-gestora, o fato de ainda haver poucas mulheres na política brasileira faz com que políticas públicas voltadas para elas sempre estejam aquém do necessário.

"A gente precisa conseguir estimular que mais mulheres participem da política, mas é preciso haver políticas públicas para permitir que elas possam sair de casa. É muito difícil ser mulher na política, porque a política é machista, a política no Brasil é machista, ainda mais do que em qualquer outro lugar que eu conheça. A prefeita Cinthia, de quem eu tenho o privilégio de ser amiga, de Palmas, teve um bebê, não tinha licença-maternidade prevista e acabou construindo um quarto para a criança dentro da prefeitura, para poder cuidar dele. Na Prefeitura de Caruaru eu também construí um espaço para as minhas crianças, que embora não fossem tão pequenas quanto a dela, tinham 5 e um de 7 anos quando eu cheguei lá. Eu acabei construindo um espaço para que as minhas crianças pudessem estar um pouco comigo, participando um pouco da minha vida", declarou Raquel.

Raquel Lyra com marido e filhos
Raquel Lyra com marido e filhos - Raquel Lyra com marido e filhos

Na ocasião, a filha do ex-governador João Lyra também relembrou questões que precisou enfrentar apenas por ser mulher enquanto possuía um mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). "Quando eu cheguei na Assembleia Legislativa nós éramos cinco mulheres e nós não tínhamos sequer banheiro no plenário. Eu apresentei uma PEC para tornar obrigatório que pelo menos uma mulher na mesa diretora e foi uma confusão para ela ser aprovada. Diziam pra mim 'Raquelzinha, por que você precisa disso?', considerando que basta a indicação dos partidos. Mas não havia nenhuma mulher na história da nossa Assembleia Legislativa que tivesse participado da mesa diretora, porque os partidos simplesmente não indicam, porque são comandados por homens. E aí eles conseguem se entender de outra forma, que não é com a gente, é no futebol, é no churrasco, coisas que muitas vezes nós não podemos participar porque estamos voltando pra casa, cuidando das crianças", pontuou.

Durante a entrevista Raquel sugeriu, ainda, que algumas práticas fossem adotadas para potencializar a entrada de mulheres no processo eleitoral. "A gente precisa colocar para funcionar a legislação, as cotas, os recursos específicos para mulheres, para possibilitar que a gente possa avançar no cenário de ocupação de espaços de poder e com isso influenciar a política pública", destacou.

TOCANTINS

O programa Fantástico, da Rede Globo, apresentou no último domingo (10) a história da prefeita Cinthia Ferreira, de Palmas, que engravidou durante o mandato e apenas depois que o filho nasceu ficou sabendo que não teria acesso a licença-maternidade. Ela trabalhou até o dia do parto, em 15 de novembro.

De acordo com a reportagem, ainda que a Constituição Federal assegure a todas as mulheres brasileiras o direito à licença, falta clareza nas normas voltadas a quem exerce cargos eletivos.

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