Eleições 2022

Em tempos de explosão política nas redes sociais, pré-candidatos não dispensam contato olho no olho com o eleitorado

Ainda que a internet tenha ganhado força a partir do pleito de 2018, postulantes vêm mostrando que o corpo a corpo que tradicionalmente domina as campanhas políticas é fundamental para a eleição

Renata Monteiro
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Renata Monteiro
Publicado em 19/07/2022 às 19:33 | Atualizado em 19/07/2022 às 19:33
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O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - FOTO: REPRODUÇÃO
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Principais pré-candidatos ao Palácio do Planalto em 2022, Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) até agora têm escolhido travar suas batalhas pré-eleitorais em dois palcos: as redes sociais e as ruas. Ainda que o primeiro desses espaços tenha ganhado força significativa a partir do pleito de 2018, os postulantes vêm mostrando que o corpo a corpo que tradicionalmente domina as campanhas políticas não só tem a sua importância, como é fundamental para que a relevância desses atores se consolide diante do eleitorado.

Nesta quarta-feira (20), Lula desembarca em Pernambuco e participa de uma série de atos em Garanhuns, Serra Talhada e no Recife. Nas últimas semanas, o petista mobilizou multidões em outras cidades, como Rio de Janeiro e Brasília, por exemplo. O presidente Bolsonaro, por sua vez, esteve em Caruaru em pleno São João e não deixou de fazer as motociatas que costuma promover para reunir apoiadores em nenhum momento.

Historiador e especialista em ciência política, Thiago Modenesi lembra que a campanha deste ano será a mais curta desde a redemocratização, por isso aqueles que desejam disputar um cargo não podem perder uma oportunidade sequer de angariar votos. Além disso, o estudioso conta que a presença dos pré-candidatos nas ruas e nas redes não seriam coisas excludentes, muito pelo contrário, seriam estratégias e ações que se retroalimentariam.

“Há quem tenha a impressão de que o eleitorado não está muito atento às questões políticas, mas isso não é verdade. A partir do momento que um ato é feito as pessoas se animam, o contato corpo a corpo ajuda no engajamento nas redes, gera conteúdo, lives, fotos, vídeos e também consegue extrapolar os limites daquelas bolhas que se formam na internet”, pontuou Modenesi.

Professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), o cientista político Antônio Lucena explica que, ainda que as redes sociais tenham conseguido passar por cima dos filtros que no passado a imprensa poderia impor às falas dos postulantes, sozinhas elas não conseguiriam “fazer milagre” em um pleito. “Os políticos usam as redes para dominar a narrativa perante o seu eleitorado, mas elas, por si, não fazem milagres. São necessários outros mecanismos para que o candidato tenha visibilidade, como a sua participação em grandes atos de campanha, que servem demonstrar apoio e mobilizar pessoas”, observou.

Quando o assunto é a disputa estadual, o quadro não é muito diferente. Sabendo da importância do olho no olho, de se fazer conhecido para vencer uma eleição majoritária, mais de um pré-candidato ao Palácio do Campo das Princesas vem rodando o Estado desde o ano passado, em contato com a população.

“No caso das campanhas para governador, nós temos uma geografia menor, mas mesmo assim o Estado é grande e existem municípios pequenos, que estão isolados. Por isso é importante que o candidato a governador vá a cidades como Ipubi, Casinhas, Lagoa de Itaenga, Carnaubeira da Penha, pois isso tem um impacto local grande, principalmente porque isso legitima as forças políticas que dão sustentação à candidatura dele”, comentou Vanuccio Pimentel, cientista político da Asces/Unita.

Thiago Modenesi frisa, porém, que mesmo nesse caso é importante que o postulante não menospreze o poder do ambiente virtual em um pleito, já que o espaço pode ajudar a catapultar um nome com forte identificação local, mas pouco conhecido do restante do território. “Se usarmos como exemplo o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), que ainda é bastante desconhecido na Região Metropolitana, quando ele vem pra cá acaba gerando conteúdo para as suas redes e pode, em algum momento, furar a bolha eleitoral naquele ambiente. Essa movimentação, que pode ser vista no Brasil inteiro, cria sinergia, faz as pessoas se mobilizarem, se engajar, se mexerem. Ninguém ganha eleição só na rua nem só nas redes”, detalhou.

Lula em Pernambuco

Na passagem por seu Estado de nascimento, Lula programou diversas atividades que vão deixá-lo próximo das pessoas, mas o petista preferiu limitar-se a estar com apoiadores. Em Caetés, antigo distrito de Garanhuns, ele vai visitar uma réplica da casa onde nasceu, mas a agenda não será aberta ao público.

Além disso, o ex-presidente comandará um ato em uma casa de eventos em Garanhuns, a partir das 9h, e depois seguirá para Serra Talhada, local em que haverá outro evento público.

Na quinta (21), Lula estará no Recife e participará de evento com apoiadores no Classic Hall, em Olinda. Antes, esse ato iria ocorrer na Praça do Carmo, na área central da capital, mas dias depois a alteração foi anunciada.

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