Crítico ferrenho das urnas eletrônicas, Bolsonaro já defendeu a informatização das eleições; entenda
Então deputado federal, na época em que defendeu a informatização dos pleitos no país Bolsonaro era filiado ao Partido Progressista Reformador (PPR), mesma sigla de Paulo Maluf
Reportagem publicada pela BBC Brasil nesta quinta-feira (4) lança luz sobre uma fase da vida do presidente Jair Bolsonaro (PL) no mínimo curiosa, a eleição em que ele defendeu a urna eletrônica como uma forma de defesa de possíveis fraudes no voto impresso.
A situação chama atenção porque pelo menos desde 2018, quando o militar da reserva disputou o segundo turno do pleito presidencial contra Fernando Haddad (PT), Bolsonaro faz duras críticas ao atual sistema eleitoral brasileiro, que tem nas urnas eletrônicas a sua principal ferramenta.
No mês de julho, inclusive, Bolsonaro se reuniu com embaixadores para criticar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministros da Corte, dando a entender que a eleição de 2022 pode ser fraudada.
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Em 1993, porém, Bolsonaro, que na época era filiado ao Partido Progressista Reformador (PPR), mesma sigla de Paulo Maluf, defendia o uso da recém-nascida urna eletrônica. Ele estava no seu primeiro mandato na Câmara Federal.
"Esse Congresso está mais do que podre", bradou o então deputado federal Jair Bolsonaro em 20 de agosto de 1993, de acordo com a reportagem. "Estamos votando uma lei eleitoral que não muda nada. Não querem informatizar as apurações. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão 30 mil votos, e só serão computados 3.000", completou.
De acordo com reportagem do Jornal do Brasil, a fala de Bolsonaro ocorreu durante a participação dele em um evento no Clube Militar do Rio de Janeiro, para definir estratégias para a "salvação do Brasil".
O texto também conta que em 1994, no segundo turno, em cinco sessões do Educandário Imaculada Conceição, em Florianópolis, era realizada mais uma experiência com o voto eletrônico no Brasil. A iniciativa nasceu de uma parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que envolveu 1.880 eleitores.
"Esperamos que esse acontecimento chame a atenção do Congresso Nacional para a necessidade inadiável de chegarmos à limpidez completas das eleições brasileiras", afirmou Sepúlveda Pertence, então presidente do TSE, em defesa do novo sistema, um dia antes do teste.
Já naquele momento, o magistrado considerava a total informatização da eleição um caminho quase certo.
"As urnas eletrônicas seriam oficialmente implementadas em 1996 — na ocasião, eleitores de 57 municípios escolheram prefeitos e vereadores pelo novo sistema. Em 2000, a informatização atingiu pela primeira vez a totalidade do eleitorado. Hoje, ela permanece na mira do Poder Executivo", destacou a reportagem.