ELEIÇÕES 2022

Evangélicos e ultraconservadores lideram a votação para deputado federal e estadual em Pernambuco

Em contraste com a alta votação de Lula (PT) em Pernambuco, os deputados federais mais votados em Pernambuco são do campo bolsonarista

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Augusto Tenório

Publicado em 03/10/2022 às 17:37 | Atualizado em 03/10/2022 às 17:37
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Em contraste com a alta votação de Lula (PT) em Pernambuco, os deputados federais mais votados em Pernambuco são do campo bolsonarista. André Ferreira (PL) e Clarissa Tércio (PP) garantiram, cada um ao seu partido, mais votos que o coeficiente eleitoral para a Câmara, estimado em 198 mil votos no estado.

André Ferreira é irmão de Anderson Ferreira, candidato ao Governo de Pernambuco derrotado. Correligionários, eles foram apoiados oficialmente pelo presidente Jair Bolsonaro e são ligados a setores da igreja evangélica. O PL foi a terceira legenda mais votada no estado, recebendo pouco mais de 636 mil votos.

Clarissa Tércio, também ligada a uma família tradicional no meio evangélico, rivaliza com os Ferreira e é cotada para disputar a prefeitura de Jaboatão em 2024. Ela faz parte da chamada "ala bolsonarista" do PP e já viralizou ao invadir escolas para reclamar com uma professora ou mesmo fazer uma denúncia sobre linguagem de "gênero neutro".

O PP, comandado em Pernambuco por Eduardo da Fonte, se saiu bem nesta eleição ao juntar o voto de estrutura com o voto conservador. A legenda foi a segunda melhor colocada na disputa pela Câmara dos Deputados, recebendo pouco mais de 681 mil votos. De acordo com o cálculo do UOL, a legenda faz quatro deputados federais.

Enquanto isso, a votação para deputado estadual também fortaleceu candidaturas ultraconservadoras a Assembleia Legislativa de Pernambuco. O pastor Júnior Tércio (PP) foi o mais votado, com mais de 183 mil votos, seguido pelo coronel Alberto Feitosa (PL), que obteve quase 147 mil votos.

Coronel Meira (PL), bolsonarista que em 2018 não se elegeu deputado estadual, conseguiu vaga na Câmara Federal neste ano. Ele obteve 78.941 votos, sendo beneficiado pela "cauda" do Partido Liberal na eleição deste ano.

Disputa interna no PP consolida Clarissa Tércio como liderança ultraconservadora 

Dentro do próprio PP, que conseguiu eleger quatro deputados federais, havia uma disputa interna pelo voto ultraconservador. Isso porque a legenda abrigou dois grupos rivais, ligados ao público evangélico: a família Collins e a família Tércio.

A primeira, composta por Michelle Collins e Cleiton Collins, já fazia parte do quadro do partido, enquanto a segunda, composta por Júnior e Clarissa Tércio, chegou na janela partidária após encontrar as portas do PL fechadas. 

Daniel Robles/Divulgação
Festa da vitória dos Tércio, em família - Daniel Robles/Divulgação

Internamente, caciques do PP calculavam que a legenda teria quatro vagas para deputado federal, sendo uma delas reservada ao candidato que mais conseguisse angariar o eleitorado conservador. Nesse sentido, observou-se uma espécie de rivalidade entre os Collins e os Tércio, que lançaram Michelle e Clarissa para a Câmara.

"A questão do bolsonarismo influenciou muito, do posicionamento em algumas pautas. Os Tércio dão a cara a tapa, os Collins não fazem isso, são de um perfil mais comedido, foram base do PSB. Clarissa e Júnior possuem mais autonomia, o que pode ter influenciado", avalia um aliado da família Tércio, ouvido sob reserva.

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