Com AFP
O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começaram nesta terça-feira (4) a receber o apoio de figuras-chave e inclusive de adversários, em uma disputa concorrida por recuperar o máximo de votos para vencer o segundo turno das eleições presidenciais.
O ex-juiz Sergio Moro, arquirrival de Lula, e os governadores reeleitos dos estados de Minas Ferais, Romeu Zema (Novo), e Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), além do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), se pronunciaram a favor do presidente de 67 anos.
Bolsonaro terminou o primeiro turno em segundo lugar, com um apoio mais forte do que o previsto pelas pesquisas (43,20% dos votos), apenas cinco pontos percentuais a menos que Lula (48,43%).
Lula, 76, obteve o apoio a contragosto de Ciro Gomes (PDT), quarto colocado no pleito.
Ciro teve 3,04% dos votos, atrás da senadora do MDB Simone Tebet, cujo apoio a Lula no segundo turno, em 30 de outubro, também é esperado. Os dois candidatos somaram 8,5 milhões de votos.
A diferença entre Lula e Bolsonaro foi de 6,18 milhões de votos.
"Acabamos de realizar uma reunião da Executiva Nacional ampliada do PDT em que, por unanimidade, tomamos uma decisão. E eu gravo este vídeo para dizer que acompanho a decisão do meu partido", disse Ciro ao anunciar seu apoio a Lula.
"Frente às circunstâncias, é a última saída", acrescentou Ciro no vídeo publicado nas redes sociais, no qual denominou Lula e Bolsonaro de duas opções "insatisfatórias".
O político veterano, ex-prefeito de Fortaleza e ex-governador do Ceará, que concorreu pela quarta vez às eleições presidenciais, foi um crítico ferrenho do ex-presidente Lula (2003-2010) e sequer o nomeou em seu discurso de dois minutos.
O partido Cidadania também anunciou apoio a Lula.
Bolsonaro, "antipetismo" de portas abertas
Em busca do apoio de aliados, Bolsonaro tenta explorar a rejeição ao petista e seu partido.
"Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro", disse o ex-magistrado Sergio Moro, que se tornou um ícone da luta contra a corrupção, que maculou Lula e o Partido dos Trabalhadores.
Moro foi eleito senador neste domingo pelo União Brasil, com quase 1,9 milhão de votos em seu estado natal, o Paraná.
Como juiz, liderou a operação Lava Jato, processo que desvendou uma ampla rede de corrupção na Petrobras, e mandou Lula para a prisão em 2018.
Após a eleição de Bolsonaro naquele ano, Moro assumiu como ministro da Justiça e Segurança Pública. Mas os dois romperam e o ex-juiz renunciou em abril de 2020, após acusar o presidente de interferir nas investigações sobre seus parentes.
"Tudo está superado. Daqui pra frente é um novo relacionamento", disse Bolsonaro nesta terça.
Para Thomas Traumann, ex-porta-voz do governo Dilma Rouseff (2011-2016), "Bolsonaro transformou sua campanha ao segundo turno em um antipetismo de portas abertas".
"Taticamente, o campo bolsonarista está trocando as perguntas da campanha. Ao invés de ser 'Bolsonaro merece um segundo mandato?', como seria natural na disputa de um presidente em reeleição, para 'O PT merece voltar ao governo?', tornando o pleito um julgamento dos anos PT", acrescentou Traumann em coluna da revista Veja.
O presidente agradeceu, em Brasília, o apoio "essencial e decisivo" dos governadores reeleitos Romeu Zema, de Minas Gerais, e Cláudio Castro, do Rio de Janeiro.
"Sabemos que em muitas coisas convergimos e em outras não. Mas é um momento em que o Brasil precisa caminhar para frente e eu acredito muito mais na proposta do presidente Bolsonaro", disse Zema à imprensa.
Castro, por sua vez, disse que fará campanha para que o Rio se torne a "capital da vitória" de Bolsonaro.