Brasília

Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal confirma envolvimento de bolsonaristas em tumulto; não há presos

Confusão começou após tentativa frustrada de invasão da sede da Polícia Federal, horas depois da diplomação de Lula. Os manifestantes pretendiam resgatar José Acácio Serere Xavante, líder indígena e apoiador de Bolsonaro

Renata Monteiro
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Renata Monteiro
Publicado em 13/12/2022 às 21:30
EVARISTO SA / AFP
Manifestantes bolsonaristas promoveram crimes nas ruas de Brasília - FOTO: EVARISTO SA / AFP
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Do Estadão Conteúdo
 
Os atos de vandalismo em Brasília, na noite de terça-feira, deixaram um rastro de destruição na região central da capital federal, com cinco ônibus e três carros incendiados, uma caminhonete do Corpo de Bombeiros apedrejada e uma delegacia de polícia atacada. Ninguém foi preso.
 
Segundo o secretário da Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, entre os manifestantes havia apoiadores de Jair Bolsonaro. Um grupo está acampado na frente do Quartel-General do Exército em protesto contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
 
Segundo balanço do Corpo de Bombeiros, um homem de 67 anos precisou de atendimento médico por sentir "dores de cabeça em razão da inalação de gás lacrimogêneo". Participaram da operação 18 viaturas e 63 bombeiros militares.
 
 
A confusão começou após tentativa frustrada de invasão da sede da Polícia Federal, horas depois da diplomação de Lula. Os manifestantes pretendiam resgatar José Acácio Serere Xavante, líder indígena e apoiador de Bolsonaro, preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
 
Serere Xavante é suspeito de participar de atos antidemocráticos e reunir pessoas para cometer crimes. Em nota, a PF afirmou que o preso está acompanhado de advogados e as formalidades relativas à detenção "estão sendo adotadas nos termos da lei".
 
O secretário da SSP afirmou que uma parcela dos manifestantes estava no acampamento bolsonarista. "Quem for ali identificado será responsabilizado", disse Danilo. Ainda segundo ele, a permanência do grupo no QG será reavaliada.
 
Em nota, a secretaria afirma que "não foram constatadas prisões relacionadas aos distúrbios civis ocorridos" e diz que, "para a redução dos danos e para evitar uma escalada ainda maior dos ânimos, a ação da Polícia Militar se concentrou na dispersão dos manifestantes". Vídeos e fotos mostram que os policiais mantinham distância dos manifestantes.
 
 

Leniência?

 
Para o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, houve um "grau de leniência das autoridades". "Neste momento, seria muito importante que o procurador-geral da República (Augusto Aras) cobrasse de autoridades que ainda estão no cargo punições a essas pessoas que desrespeitam a ordem e a democracia", disse.
 
Na avaliação do coronel reformado da PM de São Paulo José Vicente da Silva, as ações são uma espécie de termômetro. "Será que esse grau de animosidade se revela em todo o Brasil? E mais: o que pode acontecer até o dia 1.º de janeiro, quando se espera reunir até 500 mil pessoas em Brasília?".
 

Indígena é conhecido por atacar Lula e Moraes

 
Estopim dos atos de vandalismo na noite de segunda em Brasília, o indígena José Acácio Serere Xavante tem percorrido a capital federal patrocinando protestos desde que Jair Bolsonaro perdeu a eleição. Em vídeo do dia 30 de novembro, gravado pelo Estadão na frente do Congresso Nacional, Serere Xavante diz que Lula não pode assumir a Presidência e ofende o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
 
Serere Xavante tem 42 anos e é pastor evangélico. Ele foi candidato à prefeitura de Campinápolis (MT) em 2020 pelo Patriota, mas não se elegeu. Em documento submetido à época ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se apresenta como missionário e líder da Terra Indígena Parabubure.
 
O indígena foi preso na segunda sob suspeita dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do estado democrático de direito. Depois de detido pela PF, fez com que se divulgasse vídeo dizendo que estava bem e pedindo que não houvesse "conflito ou briga".

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