Eleições 2022

POSSE DE LULA: Presidente Lula assume terceiro mandato para governar um Brasil cheio de velhos problemas

Lula foi eleito para exercer seu terceiro mandato a partir de 1º e janeiro de 2023

Adriana Guarda Lucas Moraes
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Adriana Guarda
Lucas Moraes
Publicado em 30/12/2022 às 16:15 | Atualizado em 30/12/2022 às 16:19
Rovena Rosa/Agência Brasil
Lula derrotou Bolsonaro e é o novo presidente do Brasil - FOTO: Rovena Rosa/Agência Brasil

Com Agência Câmara de Notícias 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esperou até 98,81% das urnas serem apuradas para declarar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) matematicamente eleito como presidente do Brasil. Após um vácuo de poder nos últimos meses, com a desmobilização do presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista será empossado neste domingo (1º), ainda imerso em ataques antidemocráticos à legítima escolha do povo brasileiro. Até chegar ao Palácio do Planalto, ele passará por uma série de protocolos que começa na Catedral Metropolitana, passando pela rampa do Congresso e o Plenário da Câmara.

Doze anos depois de ter deixado o cargo, Luiz Inácio Lula da Silva toma posse como presidente da República para exercer um terceiro mandato de quatro anos. A solenidade está marcada para as 15h,no Congresso Nacional. 

ELEIÇÃO DE LULA É A MAIOR POLARIZAÇÃO

A eleição de Lula foi a maior polarização da história do País. Lula teve 50,90% dos votos contra 49,10% do adversário Jair Bolsonaro (PL). Lula foi eleito com 60,3 milhões de votos, ante 58,2 milhões de Bolsonaro, o que significa uma diferença de 2,1 milhões de votos em relação ao oponente (1,66%). 

Até então, a disputa mais polarizada tinha sido em 2014, na reeleição de Dilma Rousseff (PT), que teve 51,64% dos votos válidos e derrotou Aécio Neves (PSDB), que teve 48,36%.

LULA ELEITO: relembre TRAJETÓRIA do novo PRESIDENTE do BRASIL

Apesar de ter se aproximado do percentual alcançado pelo adversário vitorioso, Bolsonaro entra para a história como primeiro presidente do País a perder uma reeleição.  

Com o resultado, Lula assumirá no dia 1º de janeiro de 2023 o seu terceiro mandato como presidente do Brasil, exatamente 20 anos após vencer sua primeira eleição presidencial em 2002, como o único operário do País a subir a rampa do Palácio do Planalto.

Se Lula viveu uma verdadeira epopeia, perdendo três eleições até sair vitorioso em 2002, desta vez não foi diferente. Após passar 580 dias na prisão em Curitiba, o presidente eleito começou a fazer costuras para voltar a ser ficha limpa e conseguir disputar as eleições.

Desde que saiu da prisão política em que foi mantido por 580 dias, Lula levou adiante uma empreitada colossal, à altura das mais épicas jornadas de superação. Em novembro de 2019, quando foi liberto, era difícil imaginar que seria possível tudo o que ele vez em três anos para chegar onde chegou.

Aos poucos, Lula foi conseguindo vitórias no STF. Conquistou a anulação das sentenças dadas em Curitiba, foi beneficiado pela declaração de suspeição de Sergio Moro nos processos em que julgou o ex-presidente e conquistou seus direitos políticos de volta. Acabou tendo seus bens desbloqueados pela Justiça.

Vencida essa fase burocrática, precisou se reaproximar de aliados e conquistar opositores. Capacidade de negociador que sempre foi o seu forte. Geraldo Alckmin, adversário histórico, foi sondado para compor a chapa do ex-presidente, como vice. Alckmin seria uma força para atrair o empresariado e tentar vencer o bolsonarismo. 

No pronunciamento que fez após o resultado das eleições, Lula fez um discurso com a grandeza de um democrata. Lembrou as dificuldades que enfrentou na prisão e na vida política. "Vivi um processo de ressurreição, porque tentaram me enterrar vivo, mas eu estou aqui para governar este País", disse.

Sem improvisar, lendo um discurso escrito, o presidente destacou que vai governar para os 2215 milhões de brasileiros para quem votou quem não votou nele. "Não existe dois Brasis. Existe um único povo, uma única nação. A ninguém interesse viver dividido e em estado de guerra", afirmou. 

NELSON ALMEIDA / AFP
Pronunciamento de Lula após vitória sobre Bolsonaro - NELSON ALMEIDA / AFP

Bolsonarismo sem Bolsonaro para Lula enfrentar

Apesar da sinalização de união proposta por Lula, as urnas deixam o recado de que Lula vai enfrentar o bolsonarismo sem Bolsonaro. Quase metade da população votou contra a candidatura petista. Isso significa  que precisará negociar um pacto social e 'amaciar' os conservadores para garantir a governabilidade. 

No Congresso Nacional, a situação também não é da mais confortáveis. Bolsonaro conseguiu eleger sete de seus ex-ministros: Damares Alves, Tereza Cristina, Marcos Pontes, Rogério Marinho, Sérgio Moro, Eduardo Pazuello e Ricardo Salles. 

Além disso, o partido de Bolsonaro (PL) fez a maior bancada na Câmara dos Deputados e no Senado. O PT também cresceu, mas o PL é maior. Os deputados que mais repassaram recursos do Orçamento Secreto também de reelegeram. Dos 13 mais contemplados, apenas um não foi reconduzido. 

Por outro lado, a população na pobreza e na extrema pobreza não se iludiu com o fim do Bolsa Família e a criação do Auxílio Brasil de R$ 600. Das mil cidades que mais recebem o dinheiro, apenas 31 votaram em Bolsonaro.

Que Brasil Lula vai encontrar

O presidente eleito vai encontrar 33 milhões de pessoas passando fome no País, uma taxa de inflação de 7,1&%, o desemprego com taxa de 8,7% e uma queda no rendimento médio da população, que a a maior da série histórica iniciada em 2012, com valor atual de R$ 1.353. O salário mínimo não deve reajuste real desde o início do governo Bolsonaro, enfraquecendo a renda da população.  

Em seu pronunciamento, Lula comentou a situação em que se encontra o Brasil e se comprometeu a cuidar das pessoas e tratar da questão da fome como o seu primeiro grande desafio. Quando foi eleito em 2002, Lula disse que a esperança tinha que ser maior que o medo. Dessa vez, repetiu a frase que continua servindo à situação do País, 20 anos depois. Que a esperança renasça.  

NELSON ALMEIDA / AFP
Lula em pronunciamento pós-vitória, cadê Lula? Veja por onde anda presidente eleito nesta primeira semana após as eleições 2022 - FOTO:NELSON ALMEIDA / AFP

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