Bolsonaro quebra silêncio e manda mensagem ambígua a apoiadores. Veja o que ele disse

Em fala direcionada a apoiadores, Bolsonaro falou sobre dor "na alma" ao comentar o período em que passou em silêncio desde a derrota para Lula
Mirella Araújo
Publicado em 09/12/2022 às 18:25
Bolsonaro não falava diretamente para os apoiadores desde a derrota nas urnas Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


Com informações do Estadão Conteúdo

"Nada está perdido". A declaração do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), foi dirigida aos apoiadores que se concentraram, nesta sexta-feira (9), em frente ao Palácio da Alvorada. Essa é a primeira vez que Bolsonaro fala para simpatizantes desde a derrota nas urnas para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Com um discurso ambíguo, o chefe do Executivo também disse "respeitar as quatro linhas da Constituição", em sinalização aos questionamentos que têm sido feito pelos manifestantes bolsonaristas, sem provas, sobre a legitimidade do resultado das eleições.

"Quantos amigos nós perdemos por falar a verdade para eles? Quantas vezes nós nos irritamos quando alguém diz a verdade para nós? E hoje estão vivendo um momento crucial, uma encruzilhada, um destino que o povo tem que tomar. Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vai as Forças Armadas são vocês, quem decide para onde vai a Câmara e o Senado, são vocês também", disse.

Durante o discurso, os apoiadores pregavam uma ação das Forças Armadas para evitar a posse de Lula, o que é inconstitucional.

 

 

MINISTÉRIOS

Jair Bolsonaro quebrou o silêncio no mesmo dia em que o presidente eleito Lula anunciou os nomes que irão comandar cinco ministérios, entre eles o de José Múcio Monteiro, à frente da pasta da Defesa. A escolha de Lula pelo ex-deputado federal e ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) é vista como uma forma de apaziguar a tensa relação entre o petista e a caserna. Monteiro tem bom trânsito nas Forças Armadas.

"Nunca saí das quatro linhas da Constituição e acredito que a vitória será dessa maneira", destacou ainda o presidente. Ele também reforçou aos apoiadores que "vamos vencer" e que "se Deus quiser, tudo dará certo no momento oportuno". O chefe do Executivo não especificou, entretanto, em que âmbito e como se daria esta vitória, já que foi derrotado eleitoralmente por Lula.

 

Bolsonaro criticou o "eu autorizo", mote utilizado por simpatizantes para defender um autogolpe por parte do atual presidente. "Não é eu autorizo, não, é o que eu posso fazer pela minha pátria. Não é jogar a responsabilidade para uma pessoa", declarou, ao sugerir que apoiadores deveriam fazer algo pelo País, sem também especificar o quê.

"Não podemos esperar chegar lá na frente, dizer o que eu não fiz lá atrás para chegar a esta situação. O tempo voa, cada minuto é um minuto a menos. Temos como mudar o futuro da nossa Nação. Com o mesmo ingrediente ninguém pode fazer um bolo diferente. Esse ingrediente que temos pela frente, nós sabemos lá atrás o que aconteceu", disse, em provocação ao presidente eleito.

O chefe do Executivo comentou o período que passou em silêncio após a derrota e falou em dor "na alma". "Estou há praticamente 40 dias calado. Dói na alma, sempre fui uma pessoa feliz no meio de vocês, mesmo arriscando a minha vida."

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