Ex-presidente

'Inacreditável', diz Bolsonaro uma semana depois dos atos de vandalismo em Brasília

Ao falar com apoiadores na porta da casa onde está hospedado nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro procurou se desvincular dos atos golpistas de 8 de janeiro

Renata Monteiro
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Renata Monteiro
Publicado em 16/01/2023 às 21:22
MAURO PIMENTEL / AFP
Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente do Brasil - FOTO: MAURO PIMENTEL / AFP

Do Estadão Conteúdo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos desde o dia 30 de dezembro, quebrou o silêncio e falou pela primeira vez a apoiadores em Orlando, no Estado da Flórida. Na porta da casa onde está hospedado, ele procurou se desvincular dos atos golpistas de 8 de janeiro - Bolsonaro passou a condição de investigado na última sexta-feira. "Lamento o que aconteceu. Uma coisa inacreditável", disse sobre a invasão aos prédios dos três Poderes.

Na conversa, gravada em vídeo e distribuída em canais bolsonaristas no Telegram, o ex-presidente também afirmou que, durante o seu governo, as pessoas apreenderam "o que é política". "No meu governo, o pessoal aprendeu o que é política, conheceu os Poderes, começou a dar valor à liberdade. Eu falava para alguns sobre a liberdade, e eles diziam que era igual ao sol, nasce todo dia, mas não é bem assim não. A gente acredita no Brasil", afirmou.

Bolsonaro destacou ainda o que considera feitos do governo no campo da economia e admitiu que cometeu "deslizes" durante os quatro anos de gestão. "Tem algum furo, tem, lógico. A gente comete algum deslize em casa", afirmou.

Como mostrou o Estadão nesta segunda-feira, o ex-presidente se refugia num condomínio de alto padrão na Flórida e tem vivido uma realidade que, em alguns momentos, lembra o antigo "cercadinho" do Palácio da Alvorada. Concordando com as falas do presidente, os apoiadores até pediram para que Bolsonaro permanecesse nos Estados Unidos.

A implicação formal de Bolsonaro nos ataques às sedes dos Poderes, porém, deverá ampliar a pressão de parlamentares americanos que tentam impedir a permanência do ex-presidente em solo americano. Deputados do Partido Democrata pediram ao presidente dos EUA, Joe Biden, que revogasse o visto de Bolsonaro e quaisquer outros envolvidos nos atos do dia 8 que estejam vivendo em solo americano.

Na semana passada, Bolsonaro compartilhou um vídeo questionando o resultado da eleição presidencial de 2022, em sua primeira manifestação expressa em defesa da tese de fraude eleitoral após os atos golpistas do fim de semana, em Brasília. Ele apagou o conteúdo pouco mais de três horas depois.

Na sexta-feira, o ministro do STF Alexandre de Moraes aceitou o pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar se Bolsonaro incitou atos golpistas. O ex-presidente será investigado na frente que se debruça sobre "expositores de teorias golpistas que promoveram a mobilização da massa violenta". O vídeo publicado no Facebook embasa o argumento dos procuradores.

No sábado, o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro Anderson Torres foi preso ao chegar ao Brasil por determinação de Moraes. Ele também estava na Flórida durante os atos golpistas do dia 8 enquanto secretário de Segurança Pública do Distrito Federal - posto responsável pela defesa dos prédios dos Três Poderes. Torres afirmou que estava de férias e por isso fez a viagem, foi exonerado do cargo pelo então governador Ibaneis Rocha (MDB) ainda durante os acontecimentos.

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