Insegurança alimentar

FOME NO BRASIL: Marina Silva está certa? Especialista explica o contingente de famintos no País

Marina Silva disse no Fórum Mundial que o Brasil tem mais de 120 milhões de pessoas passando fome. José Graziano, o criador do Fome Zero, esteve nesta quinta-feira (19) no Recife participando de evento e discutindo a fome

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 19/01/2023 às 17:48
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Marina Silva disse que Brasil tem 120 milhões de pessoas passando fome, enquanto Graziano convoca mutirão para tirar País da pobreza - FOTO: Montagem

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, causou polêmica ao declarar durante painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que o Brasil tem mais de 120 milhões de pessoas passando fome. Ela está participando do evento junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Nesta quinta-feira (19) o criador do Fome Zero, José Graziano, participou no Recife do evento "Enfrentando a Tripla Crise Planetária por meio do Fortalecimento da Governança Global" e contextualizou a situação do País.

Hoje, a insegurança alimentar está distribuída em níveis (leve, moderada e alta). Quando se fala que as pessoas estão em situação de insegurança alimentar grave, quer dizer que estão passando fome. Quando Marina Silva falou em 120 milhões, ela estava se referindo a todos os brasileiros que enfrentam algum tipo de insegurança alimentar, de leve a moderada. 

A volta do Brasil ao Mapa da Fome da ONU, em 2021, é um retrocesso. "Nós levamos dez anos para sair da fome. O Fome Zero começou em 2003, do nada. Naquela época, Brasil não tinha uma política contra a fome. Foi o primeiro programa que atacou a fome de maneira global, não só medidas paliativas e  assistencialistas. O programa fez mais de 40 ações integradas", afirma Graziano. 

O especilaista afirma que o governo Lula deverá demorar de quatro a cinco para vencer a fome. Algumas vantagens da conjuntura atual em relação há duas décadas são a existência do Bolsa Família, o CadÚnico e a bancarização da população.

"Quando o programa foi criado há duas décadas, nós não sabíamos exatamente quem eram as pessoas que passavam fome, as pessoas não tinham conta bancária e não existia um porgrama esruturado. Com tudo isso, hoje é possível acelerar a saída (mais uma vez) do Mapa da Fome.  

GOVERNO LULA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem enfatizado desde a campanha eleitoral que sua "missão de vida" é encerrar a gestão com a certeza de que a população pobre do País voltou a "tomar, café, almoçar e jantar". O objetivo de acabar com a fome perpassa todos os ministérios e não é diferente no de Marina Silva, que trata de sustentabilidade inclusive na produção de alimentos. 

Só está faltando alinhar os dados para não gerar polêmica. O número inflado de pessoas sem ter o que comer assinalado pela ministra em palestra com repercussão global, foi bastante criticado nas redes sociais. Depois ela corrigiu os dados.  

Nos números divulgados por Marina, ela incluiu a população que está em condição de insegurança alimentar leve (quando há receio de passar fome em um futuro próximo) e de insegurança alimentar moderada (quando há restrição na quantidade de comida para a família). 

TRIPLA CRISE PLANETÁRIA 

Graziano esteve no Recife para partipar do evento "Enfrentando a Tripla Crise Planetária por meio do Fortalecimento da Governança Global". O diálogo é realizado em parceria pela Plataforma CIPÓ, Stimson Center, Global Challenges Foundation, Global Governance Innovation Network, Foundation for European Progressive Studies e a Fundação Heinrich Böll. 

A primeira parte do evento foi realizada na quinta-feira (19) e segue até hoje (20), no Radisson Hotel, em Boa Viagem. O encontro reúne um grupo diverso de Estados-membros e do Secretariado da ONU, além de institutos de pesquisa, universidades e outras organizações da sociedade civil. A proposta é discutir as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição e contaminação.

O evento no Recife é o quinto realizado pela plataforma, já tendo passado por Genebra, Paris, Nigéria e Washington. A capital pernambucana foi a priemeira cidade brasileira a receber os diálogos.   

"A opção por Recife foi uma escolha consciente de sair do eixo tradicional de Brasília, Rio e São Paulo.  Justamente porque Pernambuco tem uma tradição bem consolidada de políticas públicas progressistas e porque o Recife também é uma cidade global. Então nós queríamos ressaltar esse aspecto global", explica a diretora executiva da Plataforma CIPÓ, Adriana Erthal Abdenur.   

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