Da Estadão Conteúdo
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está reunido, nesta sexta-feira (16) com o ministro da Defesa, José Múcio, e o Comandante do Exército, general Tomás Paiva.
O encontro ocorre após a revista Veja ter divulgado mensagens em que um oficial das Forças Armadas pede que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-general Mauro Cid, convença o então presidente da República a ordenar uma intervenção militar, em caso de vitória de Lula nas eleições de 2022.
A reunião acontece no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
De acordo com a reportagem divulgada pela Veja, o celular de Cid tinha um documento com uma espécie de plano de golpe para reverter a eleição de Lula no ano passado.
PLANO DE GOLPE ENCONTRADO NO CELULAR DE MAURO CID
A Polícia Federal encontrou no celular de Mauro Cid o roteiro para um "golpe de Estado". O documento, distinto do que foi apreendido na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, dá um passo a passo em oito etapas para que as Forças Armadas assumam o comando do País diante da derrota do ex-presidente nas urnas. O roteiro foi revelado pela revista Veja.
Na semana passada, a polícia já havia encontrado no celular de Cid o rascunho de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e mensagens que articulavam uma investida antidemocrática.
O documento de três páginas recebeu o título "Forças Armadas como poder moderador" e está dentro de um relatório de 66 laudas elaborado pela inteligência da PF sobre o que está no celular do ex-ajudante de ordens. O primeiro passo que o roteiro prevê é o envio de um relatório das supostas irregularidades praticadas pelo Poder Judiciário aos militares.
Ao todo, o roteiro tem oito etapas. Quando recebessem o relatório, as Forças Armadas nomeariam um interventor, que fixaria um prazo para "restabelecimento da ordem constitucional", diz o documento. As decisões do Judiciário e as ações dos magistrados seriam imediatamente suspensas. O interventor, que teria sob seu comando a PF, poderia suspender todos os atos normativos que ele considerasse "inconstitucionais".
Um das etapas do documento menciona o afastamento dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a justificativa de que eles seriam "responsáveis pela prática de atos com violação de prerrogativa de outros Poderes". Uma das últimas etapas do passo a passo prevê a convocação de novas eleições, diante do reconhecimento, por parte das Forças Armadas e do interventor, de uma "situação em desacordo com a Constituição".
Dentro do documento "Forças Armadas como poder moderador", presente no relatório da PF que destrincha o celular de Cid, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, alvo frequente do bolsonarismo, é nominalmente citado. O texto diz que ele "nunca poderia ter presidido o TSE, uma vez que ele e Geraldo Alckmin possuem vínculos de longa data". A frase é uma menção ao fato de o ministro ter sido secretário de Estado do ex-tucano duas vezes, quando ele foi governador de São Paulo. Hoje, Alckmin é vice de Lula.