ESPIONAGEM

Renan Calheiros quer acesso a inquérito sobre Abin para análise do Senado

A União dos Profissionais de Inteligência do Estado da Abin (Intelis) defendeu nesta quinta-feira, que o próprio corpo funcional da agência comande a corporação

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Estadão Conteúdo

Publicado em 25/01/2024 às 21:03
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O senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, afirmou que vai solicitar o inquérito sobre a suposta espionagem ilegal realizada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra políticos e outras autoridades do País. O parlamentar pretende que o colegiado analise as suspeitas que levaram à deflagração de operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (25) que tem como um dos alvos o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele chefiava a Abin no governo de Jair Bolsonaro (PL).

"Na posse como presidente da CRE alertei que o Brasil nunca teve um órgão de inteligência a serviço do Estado e da democracia. Sempre foi um pântano de arapongagem política. Vou requisitar a íntegra do gravíssimo inquérito que gerou a operação de hoje. São muitos os responsáveis", disse Renan no X (antigo Twitter).

A Abin é o principal órgão do sistema de inteligência federal e tem como atribuição produzir informações estratégicas sobre temas sensíveis, como ameaças à democracia e às fronteiras, segurança das comunicações do governo, política externa e terrorismo.

Em março do ano passado, ao assumir o colegiado no Senado, Renan questionou o funcionamento do serviço de inteligência brasileiro, ao relembrar os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram depredadas por extremistas.

"No dia 8 de janeiro, os Três Poderes foram alvos de ações terroristas. Por qual razão a conspiração não foi atalhada? Onde estavam os informantes? A quem compete coordenar e centralizar o trabalho de inteligência e orientar corretamente o Presidente da República? Quem falhou? Foi um erro coletivo ou individual? Essas e outras inquietações ainda não foram suficientemente esclarecidas, mas expuseram, sem dúvida nenhuma, falhas indisfarçáveis na vigilância e uma vulnerabilidade não camuflável", disse, na sessão da comissão em 16 de março.

OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL

A Polícia Federal encontrou registros de que a Abin tentou produzir provas que relacionassem ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e deputados federais de oposição ao governo de Jair Bolsonaro ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A informação consta em relatório enviado ao STF para pedir buscas em endereços ligados ao deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, e a outros servidores da agência na Operação Vigilância Aproximada, deflagrada nesta quinta.

"As ações apresentaram viés político de grave ordem representando mais um evento de instrumentalização da Agência Brasileira de Inteligência", defende a PF.

O documento afirma ainda que houve uma tentativa de "criar fato desapegado da realidade" para associar parlamentares e os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do STF, à organização criminosa. As notícias falsas circularam em grupos bolsonaristas.

CONDUÇÃO DA ABIN

A União dos Profissionais de Inteligência do Estado da Abin (Intelis) defendeu nesta quinta-feira, que o próprio corpo funcional da agência comande a corporação, de forma independente A posição da associação que reúne profissionais da Agência Brasileira de Inteligência vem após as novas revelações de aparelhamento da Abin em meio a uma operação da Polícia Federal que mira o ex-diretor do órgão, o delegado e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

"Os novos desdobramentos das investigações sobre o suposto uso indevido do programa First Mile indicam ter havido utilização da estrutura e recursos da Abin para práticas de desvios por parte de policiais federais inseridos na Agência", apontou a Intelis em nota.

'CORPO FUNCIONAL'

A associação afirmou que "se confirmados os ilícitos apurados, a problemática gestão da Abin por Alexandre Ramagem e seus assessores reforça a importância de a agência ser gerida por seu próprio corpo funcional, e não por atores exógenos politicamente condicionados, como no governo anterior".

A Intelis ainda defendeu que os profissionais de carreira da Abin são os maiores interessados em uma "apuração republicana" sobre os desvios no uso das ferramentas da Abin e pediu respeito aos servidores do órgão.

 

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