As mulheres pernambucanas ganharam destaque nacional da eleição de 2022 quando, de uma só vez, foram eleitas governadora, vice e senadora. O estado, que nunca tinha votado com tanta afinco em mulheres, o fez com força e expressividade, espantando o próprio país. Raquel e Teresa viraram estrelas de tantas entrevistas dadas após a eleição.
Era natural que neste ano de eleições municipais, as mulheres e os partidos se interessassem mais na disputa pelas prefeituras. Este blog fez um levantamento em todos os partidos e mais de 100 mulheres já estão definidas como candidatas a prefeita – o número deve aumentar mais pois partidos como União Brasil ainda não fecharam seus levantamentos.
Em 2016, Pernambuco elegeu 25 mulheres prefeitas. O número foi a 36 em 2000. Este ano, o presidente da AMUPE, prefeito Marcelo Gouveia(PODEMOS), acredita que o número de eleitas será de, no mínimo, 46 mulheres, o que representa 25% do total das 184 prefeituras.
A representatividade, apesar de vir crescendo, poderia ser maior? Três personagens ouvidas, o próprio Marcelo, a prefeita de Lagoa do Carro, Judite Botafogo(PSDB), secretária da Mulher da AMUPE, e a candidata a prefeita de Sertânia, Poliana Abreu(PSDB), que disputa pela primeira vez enfrentando outra mulher (algo inédito em se tratando de prefeituras estaduais) acham que ainda é suave o movimento em prol de mulheres na política estadual.
“Até na sociedade este anseio ainda é suave”- diz Poliana. Ela é empresária bem sucedida e deseja se eleita – está bem posicionada nas pesquisas – dar exemplo de que a mulher pode romper o familiarismo que tende a dar preferência aos homens nas escolhas dos candidatos. Mas ela entende a necessidade de não se afastar da política tradicional tanto é que se entendeu com todos os políticos de oposição no município e vai escolher um homem como vice.
A prefeita Judite Botafogo, que também concorda com essa tese da suavidade, acha que em relação às candidatas a vice-prefeitas a expressividade de candidaturas é bem maior, “o que demonstra que o trabalho de base que está sendo feito começa a dar resultado”. No seu município 3 dos 13 vereadores são mulheres. Ela acha que agora as mulheres eleitas serão 6 (aumento de 100%).
Marcelo Gouveia dá como certo que cerca de 35% dos candidatos a vice no estado serão mulheres, mas o número pode crescer. “Hoje a gente vê os prefeitos querendo suavizar as chapas para conquistar mais o eleitorado feminino e então, estão dando preferência à mulher como companheira de chapa’. -diz.
Considerando que uma mulher vice pode ser prefeita em seguida, este movimento pode dar muito certo.
Ele acha que houve uma quebra de paradigma no estado em 2022 com a eleição de três mulheres, o que vai ter percussão não só agora como mais para a frente. Lembra, porém, que houve circunstâncias que levaram a isso e que independem de sexo mas que o exemplo “foi muito importante e surpreendente quando o segundo turno foi disputado por duas mulheres”.
No interior, além do exemplo de Sertânia, com duas mulheres disputando, e de Serrita onde o prefeito, candidato à reeleição, enfrentará duas mulheres candidatas de oposição, na Região Metropolitana, onde as mulheres ainda são poucas na disputa, Olinda é o destaque. As principais candidata, das quais deve sair a vencedora, são mulheres: Mirelle Almeida(PSD), Gleide Ângelo (PSB) e Isabel Urquiza (PL).
No Recife a única mulher candidata é Dani Portela(PSOL). Em Igarassu, a prefeita ElcioneGomes(PSDB) é candidata à reeleição. Em Ipojuca, a vereadora AdilmaLacerda(PP) candidata da atual prefeita Célia Sales, disputa a prefeitura com Carlos Santana(PSB). Em Jaboatão, a deputada federal Clarissa Tércio, segunda mais votada no estado em 2022, disputa a prefeitura enfrentando o atual prefeito Mano Medeiros(PL) e o ex-prefeito Elias Gomes (PT).
Os partidos que estão lançando mais mulheres candidatas a prefeita este ano são PP e PSB, cada um com 15 candidatas. Em seguida vem o PSDB com9 ; o Republicanos com 8 a 9 (há uma mulher que pode substituir o esposo na disputa); o Podemos e o PL com 7, cada; o PSD com 5; o MDB com 4; o Solidariedade com 2; e o PSOL com 1. O União Brasil ainda não encerrou suas escolhas mas tem uma forte candidata, a prefeita de Bezerros, Lucielle Laurentino, que disputa a reeleição.
Mesmo que não haja grandes surpresas nas urnas – cada eleição tem sua história – as mulheres pernambucanas estão perto de conquistar 30% das prefeituras estaduais, o que pode virar um recorde no país. Não à toa, em 2016, segundo o TSE, só 11% dos prefeitos eleitos no país foram mulheres. Em 2000 foram 12% (pouquíssimo crescimento). Em Pernambuco, nesse período, o número cresceu expressivamente assim como o percentual. Se chegarmos aos 25% previstos este ano, estaremos muito acima da média nacional.