Lula sabe que tem que defender os pobres senão o lulismo fica enfraquecido, diz cientista político
Em entrevista a Rádio Jornal, cientista político analisou aumento na aprovação de Lula para 54%; enquanto a desaprovação caiu para 43%
Na última quarta-feira (10), a pesquisa Genial/Quaest foi divulgada e nela o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) chegou a 54% de aprovação, e sua reprovação caiu para 43%. Os que declararam não saber ou não responderam são em torno de 4%. Lula obteve a maior aprovação entre pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos, onde ele somou 69%. Já na região Nordeste, foi a maior, somando 69%; logo após vieram o Centro-Oeste e o Norte, com 53%. Em entrevista ao Passando a Limpo da Rádio Jornal, o cientista político Adriano Oliveira analisou o porquê desse crescimento.
“O presidente fala para seus eleitores. Quem são seus eleitores? Os eleitores de baixa renda. E ele fez isso quando foi para diversas rádios no Brasil e daí criticou o Banco Central. Foi para o Banco Central, defendeu seus programas sociais, cobrou redução dos juros e disse que suas ações ou qualquer corte no orçamento não iriam prejudicar de modo algum as pessoas que precisam do Estado, ou seja, os mais pobres.”
O melhor resultado do presidente não foi o da última pesquisa. Em agosto de 2023, a aprovação de Lula chegou a ser 60%. Apesar de não ser seu recorde, o resultado é considerado positivo, uma vez que o presidente vinha caindo desde dezembro de 2023, passando de 54 para 51 e, depois, para 50.
Foram ouvidas 2 mil pessoas entre os dias 5 e 8 de julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiabilidade é de 95%.
Popularidade no Norte
O Nordeste sempre foi uma grande força para o petista, mas o crescimento no Norte é algo importante para se observar; segundo Adriano, é preciso ficar atento a essa região por ser potencialmente quem decidirá a próxima eleição presidencial.
“Quando o presidente Bolsonaro estava no exercício do poder, a região Norte, em dados momentos, variou positivamente para o presidente Jair Bolsonaro. Nós verificamos, no passado, uma variação, uma popularidade muito alta do presidente Lula nessa região, mas Bolsonaro conseguiu conquistar parte dos eleitores para ele”.
O profissional analisa que, se até o ano da próxima eleição o presidente Lula continuar com a força no Nordeste e conseguir uma popularidade alta na região Norte, ele tende a ser reeleito.
Rejeição dos evangélicos
Na mesma pesquisa também houve uma melhora na avaliação entre os evangélicos, subindo de 39% em maio para 42%. A rejeição, mesmo sendo superior, também apresentou redução, saindo de 58% para 52%.
Visto que é onde o petista é mais rejeitado e de onde pode ser um fator importante para a reeleição, Adriano observa que, mesmo sendo um segmento refratário ao lulismo, a massa dos evangélicos está concentrada nas classes C, D e E, onde o presidente tem muita força.
“No momento em que o presidente Lula abandona qualquer tipo de agenda moral, como ele sempre fez, e passa a defender os pobres, ele passa a defender também os evangélicos. Quando ele condena o aumento de juros, quando ele defende os pobres no âmbito da política econômica, ele também está defendendo. Qual é a conclusão muito clara? Os evangélicos não votam apenas pela agenda moral, eles votam também pela agenda econômica”, apontou o cientista.
Economia
O problema maior da gestão de Lula apontado pelos eleitores continua na Economia, com 21%. É onde o presidente é mais criticado pelos entrevistados desde o começo das pesquisas Genial/Quaest.
Em investimentos públicos, ser bem-visto pelo sistema econômico e conhecer bem seus eleitores, Adriano analisa como Lula precisa se manter em relação aos seus eleitores.
“Quando o Lula defende que não quer cortar gastos para prejudicar os mais pobres, ele está falando a verdade, mas ele está com um raciocínio muito pragmático. Ele sabe que tem que defender os pobres, ele sabe que se não tiver os pobres, ele perde a eleição, o lulismo fica enfraquecido. Portanto, ele vai sim controlar gastos públicos para não amedrontar o setor produtivo”, conclui.