Deputada pernambucana que gravou vídeo com Maduro se manifesta após críticas: "a Venezuela não vive uma ditadura"

Alvo de críticas após vídeo com Nicolás Maduro, deputada estadual Rosa Amorim explicou ida a Venezuela, em entrevista ao Jornal do Commercio

Publicado em 28/08/2024 às 18:01 | Atualizado em 28/08/2024 às 18:23

A deputada estadual de Pernambuco Rosa Amorim (PT) vem sendo alvo de críticas após a publicação de um vídeo, na última segunda-feira, 27, onde aparece ao lado de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Em entrevista ao Jornal do Commercio, nesta quarta-feira, 28, esclareceu sua ida à Venezuela e comentou sobre as críticas que tem recebido nas redes sociais.

De acordo com a parlamentar, sua ida à Venezuela é em caráter oficial, como Observadora Internacional da Consulta Popular Nacional, o que, segundo a deputada, "funcionaria como uma espécie de orçamento participativo", com custos pagos pela ALBA (sigla para Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América).

Em entrevista ao Jornal do Commercio, Rosa destacou que a Venezuela “vive algo muito parecido” com o ocorrido no Brasil nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

“É isso que a Venezuela vive hoje, uma tentativa de golpe. Um golpe midiático, uma verdadeira guerra cibernética no país. Um golpe promovido pela extrema-direita e também colocado como um golpe criminoso”, disse.

Resultado das eleições venezuelanas

A parlamentar pernambucana também comentou sobre as polêmicas envolvendo as eleições venezuelanas, onde vários países seguem sem reconhecer o resultado que dá a vitória para Nicolás Maduro.

“Muitas pessoas se perguntam sobre as atas, mas a Justiça já respondeu sobre esses questionamentos. A equipe de peritos que participou da investigação, confirmou que as atas apresentadas estão de acordo com todos os dados coletados”, destacou.

Rosa complementou, equiparando o sistema eleitoral venezuelano ao sistema brasileiro.

“É importante dizer que o sistema eleitoral da Venezuela é quase idêntico ao sistema eleitoral brasileiro”, disse.

Roberto Soares/Alepe
A deputada estadual Rosa Amorim - Roberto Soares/Alepe

Posição do PT sobre o resultado das eleições venezuelanas

A deputada também falou sobre o apoio ao governo de Nicolás Maduro, destacando que acompanha a posição do seu partido, o PT, que lançou nota no dia 29 de julho, endossando o resultado das eleições venezuelanas.

“Eu não sou uma voz isolada, eu me junto aqui ao PT. Nós iremos contribuir para que os problemas da América Latina, do Caribe, sejam tratados pelos povos da nossa região, sem nenhum tipo de violência ou ingerência externa, que é o que acontece com a tentativa da direita de deslegitimar essas eleições”, afirmou.

Situação política na Venezuela

Sobre a situação política da Venezuela, Rosa destacou que, pelo que tem observado, o país “não vive uma ditadura” e que o governo de Nicolás Maduro “está consolidado”.

“Posso dizer aqui, pelo que acompanhei, tanto nas agendas junto ao povo quanto nas atividades que estive com o presidente, é que a Venezuela não vive uma ditadura. A Venezuela vive uma democracia extremamente aprofundada, onde o povo decide até sobre quais são os projetos que serão prioridade do governo”, enfatizou.

“Estou aqui na Venezuela podendo presenciar, vendo com meus próprios olhos, que hoje o governo de Maduro está consolidado e essa vitória acontece junto ao povo”, complementou.

Críticas ao vídeo com Nicolás Maduro

Sobre as críticas que tem recebido após a publicação do vídeo, Rosa atribuiu a ataques da “extrema-direita e do bolsonarismo”, como parte de um processo para “convencer o povo” de que há fraude eleitoral na Venezuela.

“Pra mim, é muito duro ver o ataque, que vem principalmente das forças da extrema-direita e do bolsonarismo, que querem convencer o povo que a Venezuela vive um processo de fraude eleitoral. Mas, na verdade, o que falta chegar a essas pessoas são informações de fato do que acontece na Venezuela”, comentou.

Situação econômica da Venezuela

A deputada pernambucana também falou sobre a situação de abastecimento na Venezuela, problema comumente relatado nos últimos anos. Para Rosa, apesar de um “grande bloqueio econômico”, o país está abastecido.

“O que eu digo é: venham para a Venezuela, viver essa realidade. A Venezuela vive um grande bloqueio econômico e mesmo assim fui na farmácia, fui no mercado, estão abastecidos”, disse.

Ainda no tema, Rosa indicou que o “terrorismo” é provocado pela extrema-direita, novamente destacando o 8 de janeiro, além de destacar que o governo de Nicolás Maduro quer “promover a paz, a justiça social e o desenvolvimento”.

EUA por trás das acusações de fraude eleitoral

A parlamentar enfatizou que todas as eleições na Venezuela, desde o chavismo, aconteceram de forma democrática e que, historicamente, é a extrema-direita, com apoio dos Estados Unidos, que atua para deslegitimar eleições democráticas. Rosa destacou que o interesse norte-americano no Petróleo é o que está por trás das acusações de fraude eleitoral.

“Eu, como observadora externa, vejo que estamos vivenciando uma tentativa dos EUA de retomar o controle do petróleo da Venezuela, é o que está por trás desse discurso de fraude. A Venezuela tem a maior reserva de barril de petróleo no mundo, é o segundo país que detém a maior quantidade de petróleo. A Venezuela tem mais reserva que a Arábia Saudita e o Irã, países que justamente os EUA tiveram tensões justamente sobre petróleo”

Críticas de setores da esquerda

Rosa Amorim atribuiu as críticas de setores da esquerda a uma polarização sobre o tema, além de destacar ser “muito corajosa” a posição de apoio ao governo de Maduro.

“É uma posição hoje muito corajosa que eu tomo, que o MST toma e alguns movimentos sociais que acompanham esse processo tomam, no momento em que temos uma polarização sobre o que acontece hoje na Venezuela”, comentou.

A deputada pernambucana também enfatizou que há diversidade de opinião na esquerda, lembrando que também existem comentários positivos em seu vídeo.

“É importante pontuar que a esquerda tem uma diversidade de opinião, assim como a direita também tem. Nesse momento tem muitos comentários negativos, mas tem muitos comentários positivos também, muitas pessoas que concordam, apoiam”, enfatizou.

Ainda de acordo com a parlamentar pernambucana, os comentários sobre o momento atual da Venezuela são parte de um processo de desinformação ou de “ataque midiático”.

“Minha voz é de informação, na verdade, de alguém que está aqui vendo na prática esse processo. A maioria dos repórteres que fala sobre nem está aqui. De verdade, nós vivemos um ataque midiático gigante, desinformação, fake news sobre o que acontece na Venezuela e essa desinformação chega a alguns setores da esquerda, mas acredito que isso não é hegemonia”, disse.

Deputada pernambucana grava vídeo ao lado de Nicolás Maduro e manifesta apoio ao venezuelano

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