Presidente da Câmara de Ipojuca é afastado em operação contra esquema de 'rachadinha'

Na 'Operação Fetta', da Polícia Civil, Deoclécio Lira foi afastado do cargo por suposta prática dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro

Publicado em 05/11/2024 às 17:43 | Atualizado em 05/11/2024 às 17:46

O presidente da Câmara de Ipojuca, vereador Deoclécio Lira (Republicanos), foi afastado de suas funções nesta terça-feira (5) após a Polícia Civil de Pernambuco deflagrar a Operação Fetta, que investiga um suposto esquema de "rachadinha" em seu gabinete, que envolveria outros 13 funcionários comissionados, que também foram afastados.

A operação, realizada em conjunto com a Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (Dintel) e o Comando de Operações e Recursos Especiais (Core), incluiu o cumprimento de 23 mandados de busca e apreensão nas cidades de Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes e Juazeiro (BA).

Segundo a polícia, a investigação começou em janeiro de 2023, com o objetivo de identificar práticas de peculato - que ocorre quando um funcionário público se apropria ou desvia, para benefício próprio, dinheiro, valores ou qualquer outro bem sob sua responsabilidade devido ao cargo que ocupa -, além de lavagem de dinheiro em uma organização criminosa supostamente liderada pelo vereador.

Em coletiva de imprensa, o delegado Paulo Furtado, gestor do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), detalhou como o esquema operava, explicando que assessores do vereador devolviam parte de seus salários, prática conhecida como “rachadinha”.

"Iniciou-se a investigação do fato, que chegou à autoria, e restou comprovado, devidamente demonstrado, que ele contratava assessores e solicitava que esses referidos assessores passassem parte dos valores percebidos", declarou Furtado. 

Parte desses valores, de acordo com o delegado, era transferida para pessoas jurídicas a fim de disfarçar a origem do dinheiro, caracterizando a lavagem de dinheiro.

Arma, documentos e celulares apreendidos

Durante a operação, a polícia apreendeu munições, uma arma, documentos, celulares e outros dispositivos. Todos os materiais foram encaminhados para análise na sede do Dracco, no Recife. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos por uma equipe de 150 policiais, incluindo delegados, agentes e escrivães.

A ação foi coordenada pela Diretoria Integrada Especializada (Diresp), sob a presidência do delegado Breno Maia, titular da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Deccor).

Deoclécio Lira, reeleito nas Eleições Municipais de 2024 com o apoio do prefeito eleito Carlos Santana, também do Republicanos, estava à frente da transição de governo em Ipojuca até o afastamento.

A redação do JC tentou contato com Deoclécio, mas até a públicação da matéria não obteve retorno do vereador.

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