Professora e escritora defende equilíbrio no debate político: "Direita e esquerda estão presas ao radicalismo"
Catarina Rochamonte, autora do artigo "Direita e Esquerda: os dois polos da estupidez", foi entrevistada no programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal

Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta sexta-feira (24) a professora, escritora e doutora em filosofia Catarina Rochamonte discutiu os temas abordados em seu artigo "Direita e Esquerda: Os Dois Polos da Estupidez", publicado no site O Antagonista. Durante a conversa, ela destacou a importância de uma postura mais ponderada no cenário político brasileiro, criticando os extremos ideológicos tanto da direita quanto da esquerda.
“Já faz algum tempo que venho tentando trazer ao debate público uma perspectiva mais sóbria e ponderada, que algumas pessoas acabam criticando como se fosse uma espécie de isenção do debate, ou um ficar em cima do muro. Quando, na verdade, é uma espécie de moderantismo”, explicou Catarina.
A pesquisadora enfatizou como a militância ideológica tem interferido negativamente em diversas áreas, ultrapassando os limites de atuação profissional.
“O perigo que é quando a militância, a ideologia, ela acaba se impondo como algo mais importante do que o próprio exercício da sua função em diversos setores. Então a gente vê, por exemplo, professores que abrem mão de ensinar o aluno a pensar por si mesmo, a ter o senso crítico, pra doutrinar. Jornalistas que, para além de noticiar e de dar ali a sua opinião, dentro do espaço adequado pra isso, manipulam o próprio fato. A gente vê juízes, ministros, saindo do seu momento, do seu modo de atuação e entrando no ativismo político gritante. Então isso aí tudo é muito prejudicial”, criticou.
Catarina também destacou as diferenças entre direita e esquerda, enfatizando que existem “visões de mundo diferentes” que podem configurar os dois espectros políticos. A professora também detalhou as características predominantes de cada lado.
“A esquerda ela tem uma tendência mais a enfatizar a questão da igualdade. Ela também tem muito ênfase na questão da vontade humana de transformar as coisas, do desejo e também um aspecto no sentido de negar um pouco a natureza, digamos assim. A direita, ela tende a temer um pouco as mudanças mais bruscas, daí um aspecto mais de conservação do estado de coisas, tem uma certa prudência em relação às grandes mudanças e tem uma afinidade maior com o estado de coisas natural, com a própria natureza das coisas”, pontuou.
No entanto, as características dos dois espectros mudam de figura quando levadas ao debate político brasileiro, o qual avalia ter se tornado “superficial e caricato”, com um “grau de estupidificação”. A radicalização dos dois polos também foi alvo de críticas contundentes por Catarina.
“Então você tem uma direita aí que se autoproclama como direita e que são pessoas extremamente reacionárias, alguns que se arrogam muita cultura, mas que é uma cultura extremamente superficial, outras que são realmente broncas e que fazem apologia da sua própria ignorância. Do outro lado, você tem uma esquerda que se radicalizou bastante, principalmente nessas pautas identitárias, essa questão que alguns chamam de ‘cultura woke’”, disse.
Catarina avalia que vozes mais ponderadas dos dois lados devam se aproximar para trazer maior “sensatez” ao debate público.
“Tudo isso chegou a um grau de radicalismo, de estupidez política, que precisava de um freio. Então, assim, as pessoas mais ponderadas, as pessoas mais sensatas que se acham no espectro da direita precisam começar a conversar com as pessoas mais ponderadas do espectro político da esquerda para que o país comece a se mover dentro de uma sensatez”, concluiu.
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