NO BLOGDELLAS | Notícia

Menos vagas e concorrência de parentes de prefeitos são desafio para deputados estaduais em 2026

Pernambuco vai reduzir de 49 para 48 as vagas de deputado estadual e de 25 para 24 as de deputado federal, devido a uma decisão do STF

Por TEREZINHA NUNES do BlogDellas Especial para o JC Publicado em 25/01/2025 às 18:08

Na semana passada, em reunião com seus ministros, o presidente Lula afirmou que “a eleição de 2026 já começou”. Ele se referia à necessidade de acelerar a conclusão de obras e melhorar a comunicação, lembrando que o debate sobre a eleição do ano que vem se antecipou.

Normalmente a antecipação só interessa à oposição, pois quem é candidato à reeleição tem a máquina para ajudar no ano eleitoral mas, se as coisas não andam bem, até quem está no poder precisa acelerar o passo.

No caso da eleição para deputado, 2026 começou – como é praxe – no pleito municipal de 2024 no qual, quem mais fez prefeitos, mais se credenciou na corrida por uma vaga.

Mas há outros componentes neste campo que este ano já viraram motivo de preocupação nos corredores e gabinetes da Assembléia Legislativa.

Pernambuco vai reduzir de 49 para 48 as vagas de deputado estadual e de 25 para 24 as de deputado federal por conta da decisão do STF de exigir a adequação do número de cadeiras ao percentual de habitantes de cada unidade da federação.

Esposas e filhos de prefeitos

Mas há obstáculos mais preocupantes ainda. Os prefeitos de 10 municípios (Vitória, Gravatá, Jaboatão, Moreno, Surubim, Igarassu, Abreu e Lima, São Caetano, Brejo da Madre de Deus e Petrolândia) se preparam para lançar parentes em primeiro grau (filhos, esposas ou irmãos) na corrida por uma vaga na Alepe e dois ex-deputados federais, Sebastião Oliveira (Avante) e Ricardo Teobaldo (Podemos), que já tiveram mandato estaduais, estão preparados para entrar no páreo.

Outro problema em vista é o fato vereadores do PSB bem votados, estarem sendo incensados a disputar vaga na Alepe, aproveitando a popularidade do prefeito João Campos no Recife. O número ainda é desconhecido mas o atual presidente da Câmara, Romerinho Jatobá, está de malas prontas (teve 20.264 votos). Na oposição, dá-se como certo que o vereador Gilson Machado Filho (PL) também se lance na disputa. Ele teve 16.095 votos.

Desafio é ter mais de 40 mil votos

“Do jeito que a coisa vai quem não tiver 40 mil votos pode ficar de fora e garantia mesmo de mandato só com 50 mil votos” – diz o deputado Luciano Duque (Solidariedade) que conhece a realidade do voto no interior onde a conta pode mesmo ser feita porque o voto metropolitano depende de muitas variantes, incluindo o de opinião. Na Região Metropolitana os prefeitos também têm menos influência no voto proporcional, o que não acontece no interior.

O especialista em estatísticas eleitorais, o economista Maurício Romão, reconhece que, embora o quociente eleitoral para 2026 não vá mudar substancialmente em relação a 2022, serão necessários 104.450 votos para o partido ter direito a uma vaga de deputado estadual e 207.078 para uma vaga de federal – no próximo ano pode ter alguma federação ou mesmo partido que eleja com menos de 40 mil votos mas ressalta que está cada vez mais difícil isso acontecer. Em 2022 sete deputados eleitos tiveram menos de 40 mil votos embora tenham ficado de fora candidatos que passaram de 40 mil, como Roberta Arraes, do PP.

Pequenos partidos em decadência

Ele admite que tudo vai depender de junção de partidos – o PSDB está para se unir ao PSD – ou de novas federações como a que se discute entre o PP e o Republicanos.

“Hoje não dá para fazer um prognóstico, ainda é cedo, mas uma coisa é certa, os pequenos partidos vão continuar existindo, mas com cada vez menos representação nas casas legislativas o que é bom para o processo político brasileiro”. Normalmente são os pequenos partidos que formam chapinhas que acabam juntando votos de muita gente para eleger um e no máximo dois deputados.

Tal situação vai permitir a partidos médios ou maiores uma influência maior na Alepe, o que também facilitará, segundo Romão, a governabilidade e o cumprimento dos acordos políticos em torno das pautas do Executivo.

Hoje na Assembléia, como se elegeu por apenas um partido – o PSDB – que tem somente três deputados, a governadora Raquel Lyra precisou se aliar ao PP que tem oito deputados e ao Patriota que tem apenas um e, mesmo assim, ficou com apenas 12 parlamentares.

Em função disso, precisa constantemente buscar sustentação junto na deputados dissidentes de partidos de oposição ou independentes. É um Deus nos acuda.

Compartilhe