Novo encontro entre Raquel Lyra e João Campos tem tom institucional, com diálogo aberto
Governadora de Pernambuco e o prefeito do Recife voltaram a se encontrar, na reunião com prefeitos da RMR, no Palácio do Campo das Princesas

A reunião entre a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD) e os prefeitos da Região Metropolitana do Recife (RMR), nesta terça-feira (11), no Palácio do Campo das Princesas, marcou novo encontro entre a chefe do Executivo estadual e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), possíveis adversários nas eleições estaduais em 2026.
Apesar do tom colaborativo da reunião, que tratou de governança metropolitana e unanimidade no desejo de colaboração entre as prefeituras, nos bastidores o distanciamento entre Raquel Lyra e João Campos foi notado.
Não houve interações além do necessário, em tom pragmático e institucional. Enquanto a governadora buscou reforçar a necessidade de um planejamento conjunto, o prefeito do Recife enfatizou a capacidade de investimentos da capital para resolver problemas e a esperança de que a iniciativa atual de integração metropolitana resulte em "ações concretas", citando reunião convocada por Raquel em 2023, também com prefeitos da RMR.
Na mesa, João ficou sentado na primeira cadeira diante de Raquel, mas não se posicionou junto à governadora após a reunião, enquanto a chefe do Executivo estadual estava cercada por aliados, durante fala à imprensa.
A reunião ocorreu um dia após Raquel Lyra oficializar sua filiação ao PSD declarar, durante seu discurso, que sua gestão no Governo do Estado “não está esquentando a cadeira para quem acha que é dono do poder”, declaração interpretada nos bastidores como um recado ao prefeito do Recife, que é tido como pré-candidato a governador para 2026.
João Campos enfatiza capacidade de investimentos do Recife
Após a reunião, João Campos destacou que a iniciativa de reunir os gestores da RMR não é diferente do que já havia sido feito por Raquel em janeiro de 2023, mas enfatizou a esperança de que, após a iniciativa atual, surjam desdobramentos e "ações concretas".
"É um momento importante poder discutir com as cidades metropolitanas, com a presença do Governo do Estado. Problemas são muito parecidos, desafios são muito parecidos nas cidades. Há alguns deles que transpassam os limites do município. Foi algo muito parecido com o que foi feito há dois anos atrás, acho que 24 de janeiro de 2023, uma reunião semelhante a essa, a gente espera que possa haver desdobramentos, ações concretas", disse.
"Recife se colocou à disposição, quatro reuniões já estão agendadas para a semana que vem entre as equipes técnicas. A equipe de Recife vai estar participando", complementou.
João Campos também destacou a capacidade de investimento da capital, em comparação com os demais municípios da RMR, citando "ampla maioria" de melhorias feitas com recursos próprios e contribuições do governo federal, por meio do PAC, além de operações de crédito.
“O Recife tem a oportunidade como capital, tem uma capacidade de investimento bem maior do que os municípios vizinhos, inclusive. Nós temos batido recorde de investimento na cidade, a ampla maioria com recursos próprios, além de obras do PAC e operações de crédito. Então, as obras que a gente tem tocado aqui no Recife são, em sua quase totalidade, lideradas pela prefeitura”, afirmou o prefeito.
O prefeito do Recife também ressaltou o papel da capital com a rede municipal de saúde, no atendimento à população da RMR, citando o Hospital da Mulher do Recife como exemplo.
“O Hospital da Mulher do Recife tem meses em que 60% dos partos realizados não são de mães do Recife. Mas, naturalmente, um hospital faz parte do SUS, tem as suas portas abertas. Isso precisa ter uma colaboração para compartilhar também responsabilidades”, disse João Campos.
Raquel Lyra defende governança metropolitana
De acordo com Raquel Lyra, a governança metropolitana é o caminho para solucionar os problemas da RMR, mas ressaltou a necessidade da prevalência do interesse comum e não do interesse individual de cada prefeito ou cada cidade.
"A governança metropolitana exige de nós a capacidade de compreendermos de que não conseguiremos resolver os nossos problemas sozinhos. [...] A nossa proposta é de compartilhar. Compartilhar diagnósticos, problemas, mas sobretudo nos dar as mãos para compartilhar soluções", afirmou.
Ela também destacou a complexidade dos desafios urbanos, apontando que a mobilidade é um dos principais gargalos da RMR, citando o Recife como exemplo.
“Aqui no Recife e na região metropolitana, o grande desafio é a mobilidade. O metrô enfrenta problemas estruturais, o sistema de transporte coletivo precisa ser priorizado e o congestionamento afeta diretamente a qualidade de vida da população”, disse a governadora.
Além da mobilidade, Raquel citou os impactos das chuvas e do crescimento desordenado como questões urgentes para o Recife e as cidades vizinhas.
“Os desastres provocados pelas chuvas não são um problema isolado. Eles serão cada vez mais frequentes diante da mudança climática e do crescimento desordenado. Precisamos de soluções estruturais que protejam nossa população”, afirmou.
A governadora Raquel Lyra reforçou a necessidade de um planejamento integrado para enfrentar os desafios comuns da região, destacando que o Recife, como principal centro urbano de Pernambuco, enfrenta problemas que refletem em toda a metrópole.
“Não há como falarmos de desenvolvimento regional sem tratar do Recife e dos desafios que a cidade impõe ao seu entorno. Questões como mobilidade, saneamento e infraestrutura impactam não apenas a capital, mas toda a população que depende desses serviços para trabalhar e viver com dignidade”, afirmou.
A governadora defendeu ainda a integração de políticas públicas na saúde e na segurança, ressaltando a necessidade de coordenação entre o Estado e os municípios para garantir serviços mais eficientes.
“O direito à saúde e à segurança não pode depender de fronteiras municipais. Precisamos trabalhar de forma coordenada para garantir que os serviços cheguem a quem precisa”, concluiu Raquel.