México: as cores da cozinha de Puebla

Gustavo Belarmino
Publicado em 06/09/2015 às 0:21
Este é o Chile en Nogada, prato típico do México, mais especificamente de Puebla, que é feito para comemorar a independência do país, agora em setembro. Fotos: Gustavo Belarmino


Hoje o Menu do Dia é especial, exótico e apimentado. Ele faz parte de uma reportagem sobre a cidade de Puebla, no México, publicada no NE10 e também no JC Mais, no Jornal do Commercio deste domingo. Aqui, a gente traz uma entrevista com a chef Angélica Bravo, além de fotos e curiosidades sobre os pratos e hábitos na cozinha de uma das mais ricas culinárias do mundo. Vamos lá?

Este é o Chile en Nogada, prato típico do México, mais especificamente de Puebla, que é feito para comemorar a independência do país, agora em setembro. Fotos: Gustavo Belarmino

PUEBLA - O que é nada? Nada é a ausência de tudo. E o que é tudo? Tudo é com cebola, coentro, molho e um limão. E assim, em arte postada por uma taqueria nas redes sociais, está sintetizada a essência do que é a festiva gastronomia mexicana. Por falar em essência, o Social1 visitou Puebla, terra onde nasceu o mole poblano e o Chile en Nogada, prato sazonal (ele só é servido em setembro, em comemoração à independência do México) preparado com um pimentão especial não muito picante, molho de nozes brancas, recheio de frutas secas e decorado com granada (parecida com nossa romã) e coentro, propositalmente nas cores da bandeira do País.

O mole poblano tem sabor adocicado e, embora leve vários tipos de pimenta, não é picante. O sabor é marcante

Puebla também se orgulha de produzir o mole, que consiste em um molho denso, feito com mais de 30 ingredientes, entre eles chocolate e diversos tipos de chiles, gergelim, amendoim e temperinhos. Serve-se sobre frango e tortilhas, essas últimas instituições sempre presentes à mesa. Foi com a receita, inclusive, que o restaurante La Casita conquistou o prêmio de Melhor Prato Regional da América Latina, em Londres, no ano passado. “Para a gente, mole significa festa. Não há festa poblana sem o prato”, revela Angélica Bravo, chef e proprietária do restaurante, que trabalha exclusivamente com produtos e fornecedores locais.

Você encararia? Saiba que hoje os gusanos são considerados comida sofisticada - rico em proteína, vem com guacamole para ser comido puro ou no taco

Das mãos dos camponeses diretamente para a cozinha vêm os selecionados gusanos de maguey (larvas que vivem na planta emblemática), iguaria para nós exótica e saborosa, consumida desde os tempos pré-hispânicos – acompanham guacamole e podem ser petiscados puros ou como recheio de tacos. Assim como o gusano, conheça o ‘caviar mexicano’, os escamoles, ovas de formigas que igualmente vivem na planta e são refogadas na manteiga, cebola, chile e coentro. Os dois são consumidos desde a época pré-hispânica.

Que tal esse prato? Ovas de formiga, que são consideradas o caviar mexicano

No cardápio dos curiosos ingredientes você vai encontrar por todo canto - recheando tacos ou em sopas, que vêm de entrada para qualquer das refeições – o huitlacoche (fungo do milho), os chapolíns (sim, grilos) fritinhos e temperados com – sempre – chile e limão.

O fungo do milho é usado pra sopas e para rechear tacos

Esses últimos são oferecidos em alguns pratos da alta gastronomia mexicana – mas são ofertados aos montes nas feiras e mercados públicos, junto com secos como amendoins e lentilhas salgadinhas, chicharón (banha de porco frita) e tortilhas de milho azul.

Não é todo mundo que consegue encarar os grilinhos. Mas eles são muito populares por lá

Aliás, se você procura gastronomia de raiz não deve deixar de visitar o mercado Cosme del Razo, em Cholula. Entre os curiosos tomates verdes (bem diferentes dos nossos) e vermelhos que vão virar salsas picantes, bancas oferecem bebidas como as águas de flor de Jamaica e de horchata, essa feita com arroz, baunilha e canela, além de uma sorte de especiarias e preparos incomuns.

Pétalas da flor Jamaica, que vão virar uma deliciosa bebida no cardápio dos mexicanos

Numa das tendas, experimente o Tlacoyo (R$ 1,50), assado na hora, e ricamente decorado, claro, com as cores verde, vermelho e branco. Viva o México!

Tlacoyo (acredite, custa R$ 1,70) preparado no mercado. Claro, ele tem as cores da bandeira do País

Chile seco: fundamental na culinária mexicana

Tamal: parece com a nossa pamonha. É a base de milho, mas são salgadas e recheadas

Vendedora do mercado mostra os preparos prontos para o público do mercado

Essa é a fachada do restaurante em que comemos o mole poblano. Legal, né?

* O jornalista viajou a convite da Copa Airlines e Conselho de Promoção Turistica do México e secretarias de Turismo Ciudad de México e Puebla

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