Bodies, Hot Pants e biquínis estão dando o que falar neste Carnaval em Olinda, não só pela tendência de moda, mas também pelo que eles representam: liberdade. Várias folionas têm optado por roupas mais curtas e sair sem sutiã como forma de aceitação do próprio corpo e de combate ao machismo e à violência contra a mulher enquanto se divertem pelas ladeiras do Sítio Histórico. Blocos e campanhas também têm divulgado ações contra o assédio e em favor do feminismo na folia, trazendo mais conscientização para a sociedade mesmo neste período de festas.
» LEIA MAIS:
Mulheres são agredidas no Rio em campanha contra assédio no carnaval
Maiara Melo, jornalista e amante da folia de momo, é uma das tantas mulheres que aderiu às roupas mais curtas e justas. "A gente (mulheres) está se soltando mais, apesar do machismo, e é uma forma de nos sentirmos mais seguras umas nas outras. Essa onda feminista tem trazido esse senso de liberdade", explica Maiara.
Ela diz que tem visto várias mulheres que aderiam à nova tendência. "Esse ano eu estava até comentando com as amigas que tinha muitas mulheres de body, hot pants, shortinho e top, de barriga de fora mesmo. Isso é bom, porque a gente se sente segura, por saber que tem outras mulheres que nos dão apoio", comenta.
Apesar da roupa mais justa e das campanhas contra o assédio, muitos homens ainda acreditam que no Carnaval pode tudo, mas Maiara disse que responde a altura sempre que pode. "Na sexta-feira mesmo eu estava indo para Olinda e questionei um homem que soltou piadas machistas enquanto estava trabalhando como orientador de trânsito. Pra mim respeito acontece o ano todo, independente do Carnaval", desabafa a jornalista. São atitudes como estas que tem levado várias mulheres a não tolerarem ações masculinas de assédio, como a expulsão de um homem de um bloco em São Paulo após ele assediar mulheres no último sábado (25).
Embarcando na onda feminista, nesta segunda-feira (27) dois blocos darão o ar da graça em Olinda: o "Essa Fada" e a "Vaca Profana".
Às 10h o bloco "Essa Fada" desfilará saindo da rua da Boa Hora, no Varadouro. Criado em 2015, o Grêmio Anárquico Feminístico Essa Fada faz uma alusão à fantasia da fada e brinca com o imaginário sexista da figura meiga e perfeita.
Já o Vaca Profana, que planeja sair às 14h, a partir da Avenida Dr. Joaquim Nabuco, no bairro de Ouro Preto. O coletivo feminista tem por objetivo engajar, promover e articular mulheres pela autonomia de seus corpos.