Tenho ideias para dez vidas e em universos diferentes", brinca Daniela Mercury

Mirella Martins
Publicado em 02/04/2017 às 20:23
Daniela Mercury no trio


Daniela Mercury chegou aos 51 anos plena. Pele boa, corpo em forma e a cabeça melhor ainda. Sucesso na vida profissional - é casada há quatro com Malu Verçosa e mãe de cinco filhos, três da sua atual união - também na profissional, ela chega naquele momento da vida em que se pode olhar para trás e dizer: "Sou realizada". E olhe que ela começou cedo: aos 8 anos. "Engraçado que todas as vezes em que lembro como comecei, eu me lembro de algo novo", conta ao começar a lembrar de algumas passagens. Aos 13, já fazia serenata. "Meu coloca discos em casa para eu ouvir. Ficávamos horas ouvindo Chico, Gil, Elis, Quarteto em Cy, Beatles e até jazz", relembra.

Não é á-toa que ela ganhou o título de rainha do axé. Lá atrás ela colocou o ritmo em evidência ao lado de Carlinhos Brown e Luiz Caldas. Ultrapassou preconceitos de gênero musical e conquistou o Brasil. "Toquei em muitos bares, no estilo, voz e violão até começar no trio Cuca Fresca em 1982 por três dias seguidos", explica. Possui um domínio e técnica vocal que impressiona. Era chamada pela afiação e potência vocal. Seus colegas de palco da época também se tornaram profissionais, tamanha devoção e comprometimento. "Ricardo Castro Santos foi quem primeiro me acompanhou e virou um grande concertistas", comenta a artista que já foi backing vocal de Gil e também fora vocalista da Banda Eva.

Daniela sabe mais de duas mil músicas na cabeça e consegue descobrir um tom de música em apenas 30 segundos. Entre suas grandes inspirações, Daniela destaca Elis Regina. "Gosto de cantoras com vozes grandiosas. Fascinação é algo muito importante para mim". São 42 anos de palco e mais de 2000 espetáculos. Mesmo com tamanha trajetória, Daniela se reinventa. Sempre. Um das suas principais vitrines é o Carnaval de Salvador. Todos os anos, há expectativa do que ela vai trazer. Foram várias quebras de paradigmas como fazer uma ópera de Jorge Amado, usar um vestido de 30  metros para representar o feminismo, colocar música eletrônica no trio, cantar com uma orquestra de música clássica em pleno reinado de Momo... "Nunca me falta ideia. Tenho ideias para dez vidas e em universos diferentes", brinca. A artista Daniela gosta de ousar, causar e transitar em mundo adversos. "Não tenho medo de quebrar. Gosto de criar um estranhamento na arte; de surpreender", conta.

De férias em Noronha com a sua mulher, ela passou uma semana sendo apenas Daniela e Malu. Acordavam, iam para praia, comiam, saiam com amigos, andaram de barco, curtiram... Virou nome de lounge no restaurante Cacimba Bistrô e até fez um show cantando músicas da MPB. "Fomos muito respeitadas até na hora de pedir uma foto ou autógrafo", conta Malu. São poucos momentos como esse. A artista não consegue ter uma vida - digamos - normal. Ela até tenta. Segundo Malu, na Bahia, é mais fácil lidar com a fama por ser uma cidade com muitos artistas, mas elas evitam ter uma vida social intensa para evitar alvoroços. Ir ao shopping só no final do horário. "Até a reunião dos pais e mestres da escola tem que ser de forma individualizada", explica. A empresária e jornalista lembra que uma viagem na Disney acabou se tornando bem complicada. "A gente alerta sobre os paparazi. A mais nova detesta", avisa.

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