A atriz Ana Beatriz Nogueira, que em fevereiro revelou ser portadora de esclerose múltipla, criou um blog para falar sobre a doença autoimune. "Não posso ser irresponsável e dar conselhos, mas contar como eu me virei em algumas situações. Peço que contem coisas boas, por mais difícil que seja. Que deixem mensagens positivas de coisas que descobriram e que fazem bem, que troquem informações e, sobretudo, que escrevam sobre a doença de cada um. Ela tem formas diferentes de se manifestar", disse Ana Beatriz ao site do jornal Extra. O blog se chama Qual é o pensamento?.
Ana Beatriz Nogueira foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2009, à época da novela Caminho das Índias, de Glória Perez. Ela estava em casa, assistindo a um filme, quando sentiu a visão duplicar. Depois, no lançamento da novela, teve de ser ajudada por Tony Ramos e pela mulher do ator, Lidiane, para subir as escadas do Parque Lage, no Rio. Só meses depois, com o diagnóstico, iniciou o tratamento.
"Achei que era o fim. Como atriz, meu corpo é meu instrumento de trabalho, meu tudo, dependo da minha visão, da audição, das funções cognitivas. O trabalho é minha festa, minha fonte de renda, minha alegria, minha beleza. Partimos para o tratamento. Fiquei dois meses de cama, me senti debilitada. Sabe quando 'somem os tapetes vermelhos', que são aqueles sonhos bonitos que você tem quando está quase adormecendo? Foi assim que aconteceu. A médica também me disse: 'Você tem esclerose múltipla, uma doença autoimune que não tem cura e pode ser incapacitante. Mas a sua é na forma branda, o prognóstico é muito bom e você pode controlar isso e morrer de tijolada!'"
Um grupo restrito de amigos, como Patricia Pillar, Denise Bandeira, Zélia Duncan, Malu Mader e Luiz Henrique Nogueira sabiam da doença e aprenderam a aplicar a injeção de imunomodulador de que ela precisa para evitar ter um novo surto. Com a doença sob controle, ela resolveu tornar pública, para ajudar a "combater a ignorância, o maior perigo de todos".
"O segredo é pesado. A gente vai digerindo, entendendo e resolvendo os fantasminhas. Minha decisão de falar foi motivada por amigos, por terapia e pelo desejo de tornar essa estrada mais fácil para quem tiver que passar por ela. Não estou doente, tenho uma doença. Gosto de ver a esclerose múltipla como uma característica. Muita gente tem medo de falar, com receio de virar 'café com leite' na vida."