Queridos irmãos e irmãs,
A boa notícia da ressurreição de Jesus é tão maravilhosa que nenhuma palavra ou explicação consegue expressá-la plenamente. Os evangelhos contam que as mulheres vão ao túmulo ainda no escuro da noite, os discípulos se reúnem em uma sala fechada com medo das autoridades judaicas… É como se pairasse no ar um clima de perigo e de certa clandestinidade transgressora. Como os primeiros discípulos do ressuscitado, temos de afirmar o contrário do que diz o sistema iníquo que domina o mundo: o túmulo está vazio. A morte não venceu a vida. A opressão e dominação não conseguiu abafar o projeto divino que não é apenas para as paróquias e para os católicos. É para o mundo. A ressurreição de Jesus nos dá forças para lutar, pois estabelece novo fundamento para nos inserir nos problemas da sociedade, lutar por políticas públicas de qualidade, como insiste nesse ano a Campanha da Fraternidade.
Nessas celebrações pascais, como pastor encarregado de guiar e animar a Igreja particular de Olinda e Recife, peço a Deus e convido vocês todos/as a se associarem à minha oração por todos os padres, diáconos, religiosos/as, seminaristas e todos os que participam de comunidades na nossa arquidiocese. Peço a Deus que derrame sobre todos nós o seu Espírito de Amor para que, mesmo na diversidade e no jeito próprio de cada um, todos nós nos unamos no testemunho de uma Igreja pascal, em saída e a serviço da humanidade em nossa região na luta pacífica pela transformação dessa sociedade. Quanto mais cremos na ressurreição de Jesus, mais temos de lutar para que esse mundo seja transformado, tanto no nível das consciências, quanto no plano social e político.
Nós só seremos uma Igreja pascal se todos, bispos, padres, diáconos, religiosos/as, agentes de pastoral e todos os irmãos e irmãs de comunidade não tiverem receio de ligar a fé com a vida concreta e com o compromisso de transformar essa sociedade de forma que, como diz o lema da Campanha da Fraternidade, se faça jorrar, como um rio transbordante, o direito e a justiça no mundo.
Se acreditamos na ressurreição de Jesus, precisamos ser solidários com as comunidades pobres de nossa arquidiocese. Desde anos atrás e isso tem se intensificado recentemente, muitas comunidades, aqui e ali, em Recife, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e em outras localidades, são transferidas e deslocadas de onde moravam para dar lugar a projetos urbanísticos que pensam a cidade a partir da ambição e a projetam para o benefício da pequena elite que a domina.
É preciso que mesmo as pessoas que não creem, ao olhar o modo como vivemos e como atuamos na sociedade, possam perceber que, como diz a carta de João: “passamos da morte para a vida porque amamos efetivamente os nossos irmãos” (1Jo 3, 14). É isso que desejo e peço para cada um e cada uma de vocês.
O Cristo ressuscitou, o mundo está salvo. Feliz Páscoa!
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife