Os Racionais MC's desembarcam neste mês em Pernambuco com seus mais de 30 anos de história, celebrados em show neste dia 5. São três décadas dedicadas a cantar e denunciar a realidade nas periferias urbanas e sociais da sociedade brasileira. Juntos, Mano Brown, Edi Rock e Ice Blue e KL Jay observaram das periferias paulistas as diversas mudanças ocorridas no Brasil.
Em conversa com o Social1, Ice Blue comenta o papel da sua música no Nordeste - região considerada a periferia do país - e os novos desafios enfrentados pela música em tempos de ataques à agenda progressista.
Social1: Pouco mais de 30 anos após o início da carreira dos Racionais, o rap transformou-se e ganhou novos espaços. Vocês estão conversando com um site ligado a uma coluna social. Como vocês interpretam a atenção conquistada por meios até então "impensáveis"?
KL Jay: O nosso público é como se fosse uma torcida de um time, se você ver a torcida de um time vai ter preto e branco, favelado, pobre, classe média, rico. Nosso público é assim. A nossa música não tem fronteiras, ela atingiu todo mundo. As nossas ideias foram muito avançadas. Então quem tiver o ouvido sensível vai captar a ideia em qualquer lugar. E mais o grande trunfo do Racionais não é nunca ficar em cima do muro, é sim em ser autêntico.
Social1: A Universidade de Campinas (Unicamp) anunciou que vai exigir, a partir do próximo ano, a leitura das letras do álbum 'Sobrevivendo no inferno' para seu vestibular. Fazem parte da leitura obrigatória obras como os sonetos do português Luís Camões. Como vocês analisam esse reconhecimento, feito vinte anos após o lançamento do álbum?
Edi Rock: É muito bom, a gente não consegue entender a dimensão de tudo, mas é ótimo ter esse reconhecimento. Está na lista do vestibular de 2020 e 2021.
KL Jay: O disco Sobrevivendo no Inferno não é só um disco, é um livro, um livro de história que ensina muito.