Anitta é uma ekedi no candomblé. O que é? Entenda

Mirella Martins
Publicado em 14/11/2020 às 12:30
Anitta - Foto: reprodução


Anitta rende por tudo que faz. Da música, roupa até a religião. Recentemente virou alvo de portais de notícias porque um colunista apontou a funkeira como a "famosa" que teria raspado a cabeça há dois meses por conta do candomblé.

Ela negou tudo e pediu respeito a sua religião. A assessoria ainda afirmou que a cantora tem sim papel importante na religião de matriz africana. " A cantora, praticante do Candomblé, é uma ‘Ekedi’ em sua religião. As Ekedis são suspensas para a iniciação, não precisando raspar a cabeça em sua preparação para servir aos Orixás”, afirmou a assessoria no comunicado. Muita gente não entendeu o significado, mas vamos explicar aqui.

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Segundo o professor Sidnei Nogueira, Bàbálòrì?à da Comunidade da Compreensão e da Restauração Ilè Asè Sangó, que escreveu o livro "Intolerância Religiosa", há muita desinformação. “As pessoas não sabem nada sobre nós e nem querem saber. Elas só querem nos subalternizar e nos satanizar, inclusive para poder continuar ocupando seus lugares de poder hegemônico e de privilégio”.

FUNÇÃO

O candomblé é uma estrutura cultural e religiosa de origem africana que se organiza por meio de postos hierárquicos como pai e mãe de santo. Os ekedis zelam pela casa e são ainda coorientadoras e coguardiãs dos saberes ancestrais africanos. “Elas zelam pelas yabás, pelos quartos e objetos sagrados, cuidam das roupas e do corpo em transe tomado pelos orixás no momento da dança”, afirma o professor. Elas não recebem a manifestação dos orixás.

Nogueira explica que a Ekedi é escolhida por uma ancestralidade, durante uma festa pública aos orixás ou em rituais internos. A função vai além do terreiro. “Ela pode seguir sua vida, seguir sua carreira, ter sua independência. Mas ela tem o privilégio de ser escolhida de uma forma ancestral poderosa, por uma história do continente africano como verso do mundo, uma história ressignificada no Brasil a partir dos povos e comunidades tradicionais de terreiro”, explica Nogueira.

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