Por meio de exame de DNA, a jornalista Maju Coutinho adquiriu galhos, ou pelo menos informações, para a sua árvore genealógica. A escravidão, que trouxe ao Brasil pessoas pretas de diferentes partes do continente africano, e o consequente processo de desumanização delas, gerou um processo de apagamento das raízes, como se fossem uma massa só, sem histórias, culturas e origens próprias.
"Houve um apagamento, uma borracha, nessa história, e agora a gente consegue escrever, entender, o que estava por trás desse passado apagado", disse Maju Coutinho ao Tilt, do UOL, que convidou a jornalista mais outras 19 personalidades negras para realizarem o exame e, assim, conhecerem mais das suas histórias e de seus antepassados.
"Bateu na alma. Descobrir isso com 42 anos não é normal, pelo amor de Deus, é uma violência. [Pessoas de origem europeia têm] toda a história contadinha, registrada, fotografada. Uma árvore muito bem firme e forte", disse Maria Julia Coutinho, que sabia, por conversas da avó, que, entre seus antepassados, havia também alguma herança indígena e polonesa.
Maju observa como se sabe que é polonesa, mas não se sabe de quais nações eram seus antepassados negros nem de qual tribo era a herança indígena. "Está ligada à marginalidade que nos colocaram. Nunca foi tido como valoroso você ressaltar as suas heranças ancestrais africanas."
O teste de DNA, que nos primeiros rascunhos do sequenciamento do genoma humano, custou US$ 3 bilhões, hoje, após avanços científicos e tecnológicos, pode ser encontrado no Brasil por preços que variam entre R$ 200 e R$ 500. "É uma coisa incrível, um presente para nós, tentar resgatar, mesmo que em parte, algo que era direito nosso e que nos foi tirado. Isso é ouro."
As origens de Maju Coutinho
O teste de DNA revelou que 73,4% da origem de Maju Coutinho está no continente africano; 22,7% no europeu e 3,9%, América Central.
No continente africano, constam Angola (19,8%), Norte da África (18,7%), Benin (18,3%), Uganda (7,6%), Costa do Marfim (5,4%) e Camarões (3,5%). Na Europa, França (14,1%), Turquia (4,9%) e Rússia (3,7%). O percentual da América Central não foi especificado.
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