"Inveja branca", "mulata" e mais: veja expressões racistas e entenda o significado
Expressões utilizadas no cotidiano brasileiro carregam o histórico de racismo e segregação no país
Nesta semana, a apresentadora Ana Maria Braga foi alvo de críticas por parte dos internautas após proferir uma expressão considerada racista. Durante o programa Mais Você, da Globo, a comunicadora afirmou que estava sentindo uma "inveja branca" do repórter.
A problemática envolvendo a fala de Ana Maria Braga pode não ser percebida de primeira, mas carrega um histórico social e racista presente na realidade brasileira. Em outras palavras, é comum usar no dia-a-dia expressões da época colonial que são carregadas de preconceito e segregação racial em seus significados.
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No caso do "inveja branca", a expressão busca suavizar que o sentimento de inveja seria "bom" ou "melhor" pelo fato de ser branco. Em contrapartida, reforça que o termo "negro" ou "preto" está relacionado a sentimentos e significados ruins.
No vocabulário brasileiro, existem diversas expressões que são intrinsecamente racistas ou reforçam estereótipos sobre o povo negro. Confira a lista de algumas.
Expressões para nunca mais
Denegrir: Mesmo que o termo seja sinônimo de difamar, o significado original da palavra tem a ver com "tornar negro" no sentido pejorativo. Em outras palavras, piorar, manchar algo que até então era considerado "limpo".
Ovelha negra, mercado negro, magia negra, lista negra: Reconhece o tom negativo das expressões? Todas essas parecem falar sobre algo ruim, mal visto, etc. Nesse caso, a palavra "negro" é associada a algo prejudicial ou ilegal.
Macumba, macumbeiro, chuta que é macumba: Essa expressão é uma mistura de racismo com intolerância religiosa, já que discrimina religiões de matriz africana e trata esse tipo de prática como algo negativo. "Macumba" é, na verdade, um instrumento de percussão de origem africana semelhante a um reco reco.
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Mulata: O termo se referia ao cruzamento de um cavalo com uma jumenta, ou de um jumento com uma égua. Além disso, o termo se referira às "mulatas de exportação", reafirmando o local de mulheres negras escravas como mercadoria. Até hoje, a palavra é usada como forma de definir a cor de alguém ou tentativa de elogio.
Doméstica: O termo surgiu como forma de afirma que as mulheres negras que trabalhavam dentro das casas de famílias brancas eram "domesticadas". Em períodos coloniais, os negros eram vistos como mercadorias ou animais - e por isso precisavam de uma domesticação, geralmente tortura física e psicológica.
Criado mudo: O nome do móvel surgiu a partir de uma função exercida pelos negors escravizados na casa dos senhores brancos. Eles eram obrigados a segurar o item de seus "donos" e não podiam emitir qualquer som ou barulho para não atrapalharem.