Publicado em 03/09/2021 às 9:23
| Atualizado em 03/09/2021 às 9:26
Difícil lidar com a morte, sobretudo, de pessoas do bem, queridas, carinhosas. Receber a morte de Pedro Frederico, nesta sexta, é encarar a realidade que chega para todos, mas, de alguma forma, mais chocante para uns.
Pedro se foi, dormindo, de parada cardíaca, sem dar trabalho a ninguém, numa sexta chuvosa, melancólica.
Pelas novas conversas e amizade ao longo do tempo, foi uma saída triunfal e digna, como ele merecia. Pedro não temia a morte. Falamos várias vezes sobre isso e sobre nossa passagem nessa dimensão. Espírita praticante e altamente estudioso, estava sempre solícito, sorriso aberto, palavras carinhosas e um cigarro na mão. Acreditava no poder do cuidar, zelar e da caridade. Pedro se foi, numa espécie de "grand finale", minimamente arquitetado pelo ser supremo, com honras para ele.
Pedro era um grande artista plástico. Fazia tapeçaria como ninguém. Assim como também se aventurava nas tintas. Cuidou da galeria do Espaço Brennand, montava exposições e recebia. Era gente que juntava, unia. Como vai ser o final de ano, sem a tradicional mostra do final de ano? Tudo era a cara dele, pensado, idealizado. Era o primeiro a chegar. Recebia, dava atenção. Tudo com tanto requinte, simpatia e sofisticação.
Foi curador também e idealizador da exposição do Imip, no Museu do Estado, que tanto ajudou o hospital e deu visibilidade a novos nomes, assim como intermediou a presença de grandes talentos e mestres.
Íntimo de vários artistas como Zé Cláudio, João Câmara, Antonio Mendes e Francisco Brennand. Era íntimo do também falecido Reynaldo Fonseca. Era sempre quem abria as portas nas minhas visitas anuais ao grande mestre. Fazia questão de buscá-lo em casa para dar tempo de conversar: falávamos sobre cinema, trocávamos revistas e torcíamos por dias melhores. Infelizmente, ele se foi e não viu essa realização.