27 de janeiro de 2013. Esse é o dia marcado por uma tragédia no Brasil, data que completa dez anos. Trata-se do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, que deixou 242 mortos e dos 636 feridos.
O caso se transforma agora em duas produções: "Todo Dia a Mesma Noite", série de ficção da Netflix, e na série documental "Boate Kiss - A Tragédia de Santa Maria", esta última produzida pela Globoplay.
Você lê nesta matéria:
- Série da Netflix sobre incêndio na Boate Kiss;
- Documentário da Globoplay sobre Boate Kiss;
- O que aconteceu com banda que se apresentou no dia da tragédia?
- O que houve com os culpados pelo incêndio?
Série da Netflix sobre incêndio na Boate Kiss
"Todo Dia a Mesma Noite" é baseada no livro homônimo de Daniela Arbex, jornalista investigativa brasileira premiada que também é autora de "Holocausto Brasileiro" e "Cova 312". Na obra, a autora amplifica as vozes de familiares, amigos, profissionais e sobreviventes do incêndio.
Com cinco episódios, os personagens representados são inspirados diretamente nas pessoas entrevistadas por Daniela, mas os verdadeiros sobreviventes e familiares foram poupados, não tendo envolvimento direto com a construção dos personagens ou do roteiro.
Boate Kiss, a tragédia de Santa Maria
Outra forma de rememorar, mostrando a luta por justiça dos sobreviventes e dos pais das vítimas do incêndio, é a série documental "Boate Kiss, a tragédia de Santa Maria". Produzida pela Globoplay, traz depoimentos exclusivos de testemunhas que estavam dentro da boate e imagens inéditas da noite da tragédia.
Também em cinco episódios, a produção refaz a sucessão de acontecimentos que levaram à morte de uma grande quantidade de jovens e mostra as reviravoltas do processo judicial para responsabilizar os culpados.
A série é conduzida e dirigida pelo repórter da TV Globo Marcelo Canellas. Ele passou a infância e a adolescência em Santa Maria, no Rio Grande Sul, tendo se formado na mesma universidade federal onde boa parte das vítimas estudava.
O que aconteceu com banda Gurizada Fandangueira?
A banda Gurizada Fandangueira se apresentava na Boate Kiss na noite de 27 de janeiro de 2013. Eles completavam doze anos à época e era formada por seis membros: o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos, o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, o baterista Eliel Bagesteiro de Lima, o percussionista Márcio André de Jesus — irmão de Marcelo —, o sanfoneiro Danilo Jaques e Giovani Kegler, responsável pelo contrabaixo.
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Na apresentação, durante a música "Amor de chocolate", do cantor Naldo, a banda utilizou dispositivos pirotécnicos como efeito visual. As fagulhas atingem a espuma acústica que revestia o teto da boate, que pega fogo. A fumaça se espalha pela casa noturna.
Dos seis, Danilo foi o único integrante da banda a morrer durante o incêndio. Em depoimentos à Justiça, Rodrigo Lemos Martins afirmou que o fogo começou após o uso de um artefato pirotécnico, enquanto a boate estava superlotada.
Com a investigação, ficou concluído que o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos, líder da banda, foi quem usou o artefato que ateou fogo na boate durante a apresentação.
O que houve com os culpados pelo incêndio na Boate Kiss?
Os quatro réus no processo - dois sócios da boate e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira - chegaram a ser condenados por um júri no final de 2021. São eles:
- Elissandro Callegaro Spohr, sócio da boate
- Mauro Lodeiro Hoffmann, sócio da boate
- Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda
- Luciano Augusto Bonilha Leão, produtor e auxiliar da banda
Os integrantes da banda foram condenados a 18 anos de prisão, mas permaneceram detidos no presídio estadual de São Vicente do Sul por oito meses. Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann foram condenados a 22 anos e seis meses, e 19 anos e seis meses de prisão, respectivamente.
Porém, o Tribunal de Justiça anulou as condenações e determinou a realização de um novo julgamento. Atualmente, o processo está na Secretaria da 1ª Câmara Criminal para diligências.