SAÚDE

Cigarro eletrônico: por que o famoso 'vape' é prejudicial? Entenda os riscos para a saúde bucal

O 'vape' é tão prejudicial para a saúde quanto o cigarro convencional e pode causar vício

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Lívia Maria

Publicado em 30/05/2022 às 9:22
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Recentemente a rapper e cantora norte-americana Doja Cat comunicou em suas redes sociais o cancelamento de seus próximos shows, após precisar realizar uma cirurgia nas amígdalas por causa de uso excessivo de cigarro eletrônico.

"O doutor teve que cortar minha amígdala esquerda. Eu tinha um abcesso nela. Minha garganta inteira está f***, então talvez eu tenha algumas más notícias para vocês em breve" relatou a cantora.

Doja Cat afirmou que a inflamação foi potencializada pelo uso excessivo de cigarro eletrônico que, segundo ela, é um vício.

Os cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como “vapes” possuem uma série de substâncias em sua composição que provocam danos à saúde. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), as substâncias podem provocar enfisema pulmonar, além de câncer e problemas do coração.

O que é o 'vape'?

O cigarro eletrônico, ou vape, ganhou muita popularidade entre os fumantes, com a falsa pretensão de que seria menos nocivo à saúde, por conter menor quantidade de nicotina. E que inclusive ajudaria a reduzir, e até mesmo acabar de vez, com o consumo dos cigarros normais. Mas isso tudo não passa de mito.

Segundo a cirurgiã dentista e especialista em halitose Bruna Conde, além de prejudicial à saúde, existe uma série de riscos e danos que o famoso “vape” pode causar na boca e nos dentes. O cigarro eletrônico interfere, por exemplo, nas substâncias presentes na cavidade bucal, podendo causar inflamação nas gengivas.

“Se ilude quem acha que o cigarro não faz tanto mal. Na verdade os malefícios do cigarro eletrônico são os mesmos comparados aos do cigarro tradicional, fora os problemas que o uso do vape pode trazer para os dentes”, argumenta a cirurgiã dentista.

Quais são os malefícios do 'vape'?

Inflamação na gengiva, abscessos, perda dos dentes e perda óssea estão entre as doenças periodontais que mais se relacionam com o uso de cigarros eletrônicos. O dano inicial mais comum causado pelo vape é o mau hálito, já que o acessório tem nicotina, que pode alterar os odores na cavidade bucal, isso combinando com uma má higiene pode contribuir com o mau hálito.

“Essa combinação de escovar e higienizar de forma incorreta ou insuficiente mais o cigarro pode piorar o hálito consideravelmente, tornando-o desagradável, e nesses casos mascar chiclete não adianta nada, a única saída é o acompanhamento de um profissional capacitado”, explica.

Outro problema que pode surgir com o consumo do cigarro eletrônico, é a retração gengival. De acordo com a especialista, “o tabaco e a nicotina reduzem o fluxo sanguíneo, consequentemente diminui a quantidade de nutrientes que as gengivas precisam para se manterem saudáveis. Com isso os tecidos acabam danificados, junto com hábitos e estilo de vida não saudáveis, pode levar à retração gengival. Essa retração deixa a raiz dos dentes exposta e extremamente sensível.”

Além de todas essas complicações, Bruna Conde também chama a atenção para um problema que é comum para quem fuma: o escurecimento da gengiva e o amarelamento dos dentes. Esteticamente causa incômodo e desconforto ao paciente.

“As substâncias presentes na fumaça do vape, se acumulam nas superfícies dos dentes e aderem ao esmalte, resultando no escurecimento da coloração que não sai na escovação”, diz. “Isso tudo sem falar que a nicotina estimula a produção de melanina, que é responsável pelo surgimento das manchas escuras nas gengivas”, complementa Bruna.

Vale ressaltar que o cigarro eletrônico pode levar a um dos maiores pesadelos quando falamos em doenças periodontais, o acúmulo de placas bacterianas.

“Esse problema pode ocorrer em qualquer pessoa que não realiza adequadamente uma higienização bucal, porém os fumantes possuem riscos maiores de desenvolver essas doenças, pois as substâncias do cigarro eletrônico alteram o ph de toda cavidade bucal, a boca fica mais seca, porque a nicotina diminui a produção de saliva”, explica a especialista.

Entre as consequências da falta de salivação da boca, inclui o risco do surgimento de cáries. A mucosa bucal fica mais sensível, podendo causar feridas na boca, nos lábios e fissuras na língua, ocasionando dificuldade para mastigar e higienização.

As consequências da falta de tratamento para as doenças periodontais pode levar à perda de dentes e mais complicações. “Por isso, é importante se atentar e evitar que a situação chegue a esse ponto. É evidente a importância de visitas regulares a um dentista especializado que entenda do assunto. Não descuide da sua saúde bucal, ela diz muito sobre você”, finaliza a cirurgiã-dentista.

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