Queda do Faceboook, WhatsApp e Instagram prejudicou trabalhadores e deixou Zuckerberg menos rico
As redes sociais passaram mais de seis horas fora do ar nesta segunda-feira (4)
O Facebook, o WhatsApp e o Instagram ficaram indisponíveis por mais de seis horas nesta segunda-feira (4) devido a uma "mudança de configuração defeituosa" em seus servidores. A queda dos serviços deixou os usuários "perdidos", além de causar prejuízos aos profissionais que usam as redes como ferramentas de negócio e ao dono do conglomerado, Mark Zuckerberg, que teve uma perda estimada de US$ 5,9 bilhões em sua fortuna pessoal.
Para empresas com funcionários em home office, a comunicação ficou complicada. Consultórios médicos e outros serviços tiveram dificuldades para confirmar agendamentos. Mas os maiores prejudicados foram os microempresários que dependiam exclusivamente das redes para vender. Cerca de 80% da categoria usa o WhatsApp para fechar negócios, o que levou o gerente do Laboratório de Estratégias Digitais em Negócios, do Sebrae-PE, Thiago Suruagy a destacar a importância de não concentrar a atividade em apenas um canal.
"A facilidade de acesso ao Whatsapp faz com que 79% das microempresas estejam nele, enquanto apenas 6% fazem uso de lojas online ou plataformas de e-commerce próprios. Ou o pequeno negócio vai para outras redes, ou até para o meio físico também, ou fica sob o risco de uma nova pane. Não dá para focar tudo em um único canal de vendas", disse à coluna Consumidor, de Edilson Vieira.
A queda do WhatsApp, Instagram e Facebook
Em comunicado, o Facebook informou que a interrupção das suas redes e serviços de mensagens foi provocada por uma "mudança de configuração defeituosa" em seus servidores, o que impediu os usuários de acederem às plataformas.
"Pessoas e empresas ao redor do mundo dependem de nós para se manterem conectados", observou a empresa, que até então se mantinha praticamente silenciosa sobre o ocorrido. “Apresentamos nossas desculpas aos que foram afetados”, acrescentou o Facebook, referindo-se possivelmente a bilhões de pessoas no mundo, de acordo com vários especialistas em segurança cibernética.
Crise dupla
O Facebook enfrentou nesta segunda-feira (4) uma crise dupla: precisou resolver uma interrupção global ao mesmo tempo em que lutava contra as revelações condenatórias de uma denunciante.
Muitos temores e críticas de longa data sobre a plataforma parecem ter sido respaldados por uma pesquisa do próprio Facebook, que foi entregue pela ex-funcionária Frances Haugen às autoridades e ao Wall Street Journal.
Porém, enquanto os senadores dos Estados Unidos se preparavam para seu altamente esperado depoimento sobre os documentos na terça-feira, o Facebook enfrentava um apagão de várias horas que potencialmente afetou dezenas de milhões de usuários em suas plataformas, incluindo o Instagram e o WhatsApp.
O site Downdetector disse que recebeu 10,6 milhões de informes de problemas que iam desde os Estados Unidos e Europa até a Colômbia e Cingapura, com as falhas surgindo pela primeira vez por volta das 15h45 GMT (12h45 de Brasília).
Mais de seis horas depois, os serviços começaram a voltar ao ar. “Temos trabalhado duro para restaurar o acesso aos nossos aplicativos e serviços e estamos felizes em informar que eles estão voltando a ficar online”, escreveu o Facebook em sua conta no Twitter.
Durante o apagão, Mike Schroepfer, diretor de tecnologia da companhia, ofereceu no Twitter suas "mais sinceras desculpas a todos os afetados pelas interrupções nos serviços fornecidos pelo Facebook neste momento".
O Facebook tem resistido fortemente à indignação sobre suas práticas e impacto, mas esta é apenas a mais recente crise a atingir seus negócios.
Há anos, legisladores americanos ameaçam regulamentar o Facebook e outros gigantes da tecnologia, apontando as críticas de que essas plataformas atropelam a privacidade, fornecem um megafone para informações erradas e perigosas e prejudicam o bem-estar dos mais jovens.
Depois de anos de crises nas mídias sociais sem grandes reformas legislativas, alguns especialistas duvidam que mudanças estejam por vir. "Esta é uma situação em que haverá muita fumaça e muita fúria, mas pouca ação", opinou Mark Hass, professor da Universidade Estadual do Arizona.
As ações “virão essencialmente das plataformas, quando sentirem pressão de seus usuários, sentirem pressão de seus funcionários”, acrescentou, e ressaltou que as autoridades não serão capazes de regular o conteúdo de forma eficaz.
Haugen, uma especialista em dados de 37 anos de Iowa, trabalhou para empresas como Google e Pinterest, mas disse em uma entrevista ao programa de notícias "60 Minutes", da CBS, que o Facebook era "substancialmente pior" do que tudo que já tinha visto.
O vice-presidente de política e assuntos globais do Facebook, Nick Clegg, rejeitou veementemente a alegação de que seus serviços são "tóxicos" para os adolescentes, dias após uma audiência tensa de várias horas no Congresso em que congressistas americanos interrogaram a empresa sobre seu impacto mental na saúde dos usuários jovens.
Na semana passada, os senadores pressionaram Antigone Davis, chefe de segurança do Facebook, por conta de um relatório da própria empresa sobre possíveis danos dos aplicativos.
Davis disse aos legisladores que uma pesquisa mostrou que o Instagram geralmente é muito benéfico para crianças de 12 anos com ansiedade, tristeza ou distúrbios alimentares.
No entanto, o senador Richard Blumenthal leu em voz alta no tribunal trechos de documentos da empresa, que disse ter recebido de alguém do Facebook, que a contradizia.
"Provas substanciais sugerem que as experiências no Instagram e no Facebook pioram a insatisfação corporal", afirmou ele, observando que essa alegação não veio de um funcionário descontente do Facebook, mas de um estudo da própria empresa.