Do Recife para o mundo: Designer de jogos é destaque na Finlândia
Camilla Avellar, 38 anos, é recifense e vive no país nórdico há 11 anos. Ela trabalha em uma das maiores empresas de games, a Supercell
A recifense Camilla Avellar, 38 anos, vive em Kirkkonummi, ao sul da Finlândia, há 11 anos. Ela se mudou para trabalhar como designer de jogos na Supercell, uma das maiores empresas de games para celular. Mas, foi no nordeste do Brasil que ela conheceu a indústria de games, quando os celulares nem eram tão modernos como nos dias de hoje.
“Comecei a trabalhar em uma empresa de jogos como estagiária, por indicação de amigos, e eu fui aprendendo com o mercado e me apaixonando por games. Na época, essa indústria estava começando, então a empresa que eu trabalhava estava dando os primeiros passos e nós fomos aprendendo juntos”, conta ela, que esteve em São Paulo para participar do maior evento de games do mundo, a Gamescom Latam.
Especialistas de várias partes do mundo participaram do evento, entre eles, os finlandeses Suvi Kiviniemi, head da incubadora de jogos LGIN da Universidade Metropolitana de Ciências Aplicadas de Helsinque, na Finlândia, e Jari-Pekka Kaleva, diretor executivo da Federação Europeia de Desenvolvedores de Jogos.
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Em sua primeira vez no Brasil, Jari conta que veio em busca de estreitar as relações com o mercado brasileiro e latino-americano de jogos, além de construir conexões e encorajar as empresas europeias a se aventurarem pelo mercado promissor de games no Brasil. “Este é o começo de uma longa parceria entre a indústria brasileira, a latino-americana e as indústrias europeias”, afirma.
Diversidade
Durante o Gamescom Latam, Suvi Kiviniemi participou de um painel sobre diversidade e destacou a importância de medidas para ampliar a inclusão de mulheres neste mercado ainda predominante masculino. “Esse ainda é um segmento muito dominado por homens, por isso, esse e outros aspectos da diversidade precisam ser melhorados, todavia, vejo que estamos indo na direção certa, e boas iniciativas estão acontecendo ao redor do mundo”, afirma.
Para Camilla, que começou nesta indústria quando poucas mulheres ainda se arriscavam, o modelo de hierarquia horizontal de trabalho finlandês contribui para a inclusão e diversidade e, mesmo o setor de jogos ainda não tendo a mesma oportunidade de gêneros, ela afirma que existe uma conscientização sobre a importância do tema. “Passos estão sendo tomados para que haja mais diversidade e inclusão não apenas de gênero, mas culturas, raças, idades, pois é esta pluralidade que gera mais ideias e conseguimos ter uma percepção mais ampla e rica do mercado”.
Atração de talentos
Considerado o país mais feliz do mundo pela sétima vez consecutiva pelo relatório Mundial da Felicidade da ONU, a Finlândia enfrenta desafios como escassez de mão de obra e um envelhecimento da população. Por isso, para impulsionar o desenvolvimento econômico, o país tem investido em atrair talentos estrangeiros, inclusive no mercado de jogos. A indústria finlandesa de games está entre as cinco maiores da Europa e é uma desenvolvedora líder de jogos para celular.
“A Finlândia quer se tornar ainda mais competitiva mundialmente, por isso, está atraindo talentos e startups brasileiras inovadoras. O país investe em programas de aceleração de startups, eventos para empreendedores e talentos, além de ter um ecossistema de apoio ao talento internacional”, explica Alessandra Leone, gerente de Talentos da Business Finland, organização para financiamento de inovação e promoção de comércio, viagens e investimentos.
E quem deixou as belezas e o calor do Recife para se aventurar na terra da aurora boreal e das temperaturas negativas, garante que vale a pena viver no país mais feliz do mundo: “ A Finlândia é minha casa. Eu tirei a cidadania e hoje a minha vida aqui. Eu amo viver na Finlândia e garanto que o país é apaixonante”, destaca Camilla.