DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Dezessete municípios assinam carta de compromisso pelo Rio Capibaribe

O prazo para assinatura da carta elaborada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe termina nesta quinta-feira (22), Dia Mundial da Água

Editoria de Cidades
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Publicado em 22/03/2018 às 8:21
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O prazo para assinatura da carta elaborada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe termina nesta quinta-feira (22), Dia Mundial da Água - FOTO: Foto: Arnaldo Carvalho/ JC Imagem
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Lançada no fim do ano passado como um grito de socorro pelo Rio Capibaribe, a carta de compromissos para a execução de ações que ajudem a melhorar a qualidade e aumentar a quantidade de água no rio e seus afluentes já foi assinada por 17 dos 42 municípios cortados pelo curso d’água no Estado. O prazo termina nesta quinta-feira (22), quando é comemorado o Dia Mundial da Água. Apesar de tímida, a adesão é considerada motivo de celebração e esperança pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe. Além da questão ambiental, o rio, que conforme a tradição pernambucana, se junta ao Rio Beberibe para formar o Oceano Atlântico, é fonte de sustento para inúmeras famílias.

“Existe um esforço muito grande por parte das instituições para mobilizar os prefeitos em torno das necessidades do rio. É um desafio enorme. Então, comemoramos a adesão de cerca de vinte municípios. Temos a esperança de que os demais se juntem à causa”, afirmou o presidente do comitê, Alexandre Ramos. Segundo ele, o documento será homologado no próximo dia 6 de abril, durante reunião com as gestões dos municípios participantes. A carta não define ações, mas um conjunto de dez compromissos e princípios com foco em políticas voltadas para a proteção dos mananciais e educação ambiental.

Para o presidente, existem dois grandes desafios a serem enfrentados. "O primeiro e principal é que os municípios desenvolvam projetos para o tratamento dos esgotos. O segundo é o plantio de árvores nas margens do rio, porque isso traz mais água para o leito", justificou. O Rio Capibaribe nasce no município de Poção, no Sertão pernambucano e percorre aproximadamente 240 quilômetros até se encontrar com o Rio Beberibe no Recife. O ponto de encontro fica nas proximidades do Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, área Central do Recife.

Quem tira o sustento das águas dos rios que cortam a capital, apelidada de Veneza Brasileira, concorda que a situação atual é preocupante. “No passado, já deu pra viver bem da pesca. Há 30 anos, era bom demais. Agora, a poluição prejudicou tudo. Além de sujos, os rios estão assoreados, o que dificulta a navegação. É falta de cuidado da própria população”, critica o barqueiro Severino Batista, 67. Durante trinta anos ele viveu somente da pesca. Hoje, trabalha construindo barcos para passeio próximo à Ponte do Limoeiro, sobre o Rio Beberibe.

O pescador João Ferreira, 52, concorda que a poluição atrapalha. "Tem dia que não tem peixe. Deveria ter higiene, para que a gente pudesse trabalhar. Eu pesco porque gosto e porque ainda tenho saúde, mas viver só disso não dá mais. Recebo meu salário (aposentadoria) também", conta.

Para o comerciante Pedro Bezerra, 52, que vende peixes próximo à Ponte Giratória, no Centro do Recife, os rios têm um significado especial. "Há mais de dez anos eles são minha fonte de renda, meu local de trabalho." Do Capibaribe, ele guarda as boas lembranças de uma época farta de pesca. "Era muito peixe, muito caranguejo. Depois, acabou não dando mais e eu passei a comprar o pescado para vender.”

O presidente do comitê defende que cuidar dos rios é também preservar a memória da capital pernambucana. "Eles são marca do Recife, estão no imaginário e no cotidiano das pessoas", argumenta Alexandre Ramos.

COMEMORAÇÃO

Em comemoração ao Dia Mundial da Água, a Prefeitura do Recife promove hoje um passeio educativo pelos rios da cidade. A Escola Ambiental Águas do Capibaribe (barco-escola) irá partir do Marco Zero, às 9h, com cerca de 50 estudantes dos quintos anos da Escola Municipal Dois Rios, no Ibura. O objetivo é vivenciar a importância da água para os seres vivos e trazer para o diálogo aspectos como poluição, escassez, uso inadequado e ciclo da água. Os jovens serão guiados por professores da rede municipal de ensino e poderão conhecer mais sobre as histórias dos rios Capibaribe, Beberibe e Pina.

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