Há mais de dez anos a Prefeiura do Recife promete fazer o ordenamento do comércio informal do entorno do Mercado de São José, no Centro do Recife. Em doses homeopáticas, desapropriou e recuperou dois imóveis para abrigar o anexo do centro de compras. Até ontem, dia 4 de agosto, a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano não tinha previsão de inauguração.
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Enquanto isso, o prédio do mercado, monumento tombado como patrimônio nacional, é cercado por lixo. Na manhã de segunda-feira (4) havia folhas de couve, cascas de maracujá, batatas podres, hastes de flores murchas, plástico, lona, caixa de papelão e isopor em toda parte. De acordo com o secretário de Mobilidade, João Braga, tudo será corrigido.
O anexo do mercado, diz ele, está pronto. Mas ainda faltam os quiosques, previstos para chegar esta semana. Vai abrigar 108 vendedores de ervas e flores. Os feirantes de frutas e verduras serão transferidos para o Cais de Santa Rita. No entanto, o novo ponto não está concluído.
“Se os vendedores de ervas aceitarem fazer a mudança para o anexo, antes de os feirantes serem levados para o Cais de Santa Rita, a ação pode ser realizada até o próximo Natal”, diz João Braga. “Caso contrário, faremos a transferência de todos eles ao mesmo tempo”, declara.
Maria Eliane dos Santos vende flores e ervas no trecho do mercado entre a Rua do Porão e a Travessa do Macedo (em frente ao anexo) há 20 anos. “Falaram para a gente que seriam criadas vagas de estacionamento no local das nossas barracas. Se isso for verdade, a mudança deve funcionar, porque terá gente circulando”, comenta Eliane.
Assim como os demais colegas, ela espera pacientemente a inauguração do anexo. “Prometeram para antes da Copa do Mundo de 2014. A Copa começou, terminou, já se passou mais de um ano dos jogos e continuamos no mesmo canto”, observa a comerciante.
Tão desbotado quanto seu entorno, o prédio do mercado exibe janelas e venezianas de vidro quebradas. A ferrugem está comendo a edificação, representante da arquitetura de ferro no Recife. “A Travessa do Macedo, uma das vias de acesso ao mercado, está toda esburacada. Se não fosse por nós, os comerciantes, a situação estaria pior. Nós pagamos para fazer os consertos”, diz Jailton Serafim.