Oito meses depois de fechar acordo com o governo do Estado, evitando uma iminente paralisação, policiais militares voltam a se reunir em assembleia, às 14h desta terça, na Praça do Derby, área central do Recife. A categoria alega que vários itens do acordo não foram cumpridos e quer voltar a negociar sobre um Programa de Valorização Profissional, que inclui a implantação da remuneração na forma de subsídio para todos os cargos dos militares e bombeiros e a revisão do Plano de Cargos e Carreiras (PCC), de forma aos salários se equipararem aos da Polícia Civil.
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“É preciso isonomia entre as polícias. Um soldado em início de carreira deve ganhar o mesmo que um agente ganha. Os militares precisam de 30 anos para chegar ao teto salarial, enquanto os civis vão levar 20 anos. Não existe esse tratamento diferenciado. O governo vem dizendo que está em crise, mas reconheceu o trabalho de nossos colegas. Ficamos felizes por eles, mas também queremos esse reconhecimento”, afirma o presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS), Albérisson Carlos.
Em outubro, o Estado negociou com a Polícia Civil um plano de reajuste – a ser implementado entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018 – no qual o salário de fim de carreira dos agentes vai se igualar ao piso dos delegados. Hoje, o salário inicial de um soldado é de R$ 3,6 mil, com auxílio-transporte. O de um agente é R$ 3,2 mil, mas passa para cerca de R$ 3,7 mil em janeiro e R$ 3,9 mil em 2018. No acordo firmado com os PMs, em abril, foi oferecido R$ 400 de auxíliotransporte para os praças e R$ 600 os oficiais, ativos e inativos, além de R$ 750 de auxíliouniforme, entre outros itens.
O sindicalista também reclama da falta de estrutura da corporação. “As guarnições estão sem radiotransmissores. As munições são racionadas, pouquíssimas. As armas são inadequadas, assim como a carga de serviços. Temos mandado vários ofícios ao governo, mas desde o dia 27 de abril eles não nos chamam para negociar.”
Negociações
O presidente da Associação de Cabos e Soldados (Aspra), José Roberto Vieira, critica o fato de o governo ter passado a negociar com os comandos, quando há dois anos já havia se formado uma mesa com as entidades de classe. “Nada contra os coronéis, mas quem fala pela tropa são as entidade representativa de classes. Para que então foi criada a mesa de negociação?”, questiona, por meio de nota.
“Até agora, nada do que pedimos foi atendido. Como podemos conter a escalada da violência se não nos dão as mínimas condições de trabalho?”, salienta. “Se houver uma greve da Polícia e Corpo de Bombeiros, a culpa é da falta de habilidade do governo.”
A Secretaria de Administração do Estado foi procurada pelo JC mas disse que não se pronunciaria sobre o assunto, por enquanto.