O governador Paulo Câmara não pretende retomar a mesa de negociações que vinha funcionando desde 2015 com representantes de associações de policiais e bombeiros militares e Secretaria de Administração. Segundo ele, o caminho para se chegar a um acordo com os militares – que há 11 dias mantêm uma operação-padrão – deverá ser encontrado via seus comandos. “Existe uma hierarquia e é assim que vai ser”, declarou ontem, durante inauguração oficial do Centro de Triagem de Animais Silvestres, na Guabiraba, Zona Norte do Recife.
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De acordo com o governador, o comandante-geral da PM tem carta branca para negociar com a tropa. “Esse é o caminho. O Exército na rua não é o que eu queria, mas é necessário pelo impasse que se estabeleceu. Continuamos com disposição para negociar, mas a via correta é do comando com a tropa. Eles devem achar um denominador comum para o pleito e que caiba dentro do orçamento”, declarou, ao ser questionado sobre o impasse.
A primeira reunião entre os comandos militares e o núcleo de gestão do governo com o objetivo de construir uma proposta para a classe está prevista para o dia 4 de janeiro de 2017. A presença do Exército nas ruas está prorrogada até o dia 3, mas em um número bem menor, apenas 500 militares dos 3,5 mil que atuavam até o último dia 19.
Críticas
O presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS), Alberisson Carlos, argumenta que a entidade tem mais de 12 mil associados e é privada, não tendo nenhuma hierarquia a obedecer. “Se os comandos nos trouxerem alguma proposta, vamos ouvir e discutir com a tropa. Mas essa medida mostra o quanto esse governo é infantil, imaturo e intransigente”, afirma.
O presidente da Associação de Praças de Pernambuco (Aspra-PE), José Roberto Vieira, diz que se as associações ficarem de fora das negociações (as entidades não foram convocadas para a reunião do dia 4), a situação só tende a piorar. “Um comandante não pode negociar salário, ele tem cargo de confiança. Por que o governo negociou com as outras categorias, inclusive o Sindicato dos Policiais Civis, e quer nos tratar diferente? Para que tanta perseguição?”, questiona.
Os militares querem, pelo menos, equiparação salarial com os policiais civis. Muitos saíram do Programa de Jornada Extra de Segurança (Pjes), expondo a defasagem atual do efetivo em Pernambuco.